Lastro contrário

A palavra sem voz é o coração que está sem alma e o amor que não tem lastro, onde a voz não tem ouvidos e nada mais se escuta no vazio do corpo antes preenchido. Percorro junto ao meu suor o vacilo de amar e ir embora, fecho os olhos e trago meu cigarro, suspiro e tomo outro trago, penso no que foi e nem quero saber do que vai ser, nem o agora me resta mais, limbo da consciência não afetada, mas em estado de duvida apenas. Pulso firme e braço fraco, não viro a queda, deixo correr, cerro o soco e solto contra nada, nocauteio a própria sombra do meu desejo, e o sol se põe então, outro dia vem ai. O céu cinza azul degrada o dia e leva junto o brilho do sorriso, me acalma, me leva e sossega. O cigarro está no fim, jogo a guimba no cinzeiro, visto minha roupa e vou embora abrindo a porta e o vazio no peito de quem fica, sem palavra, sem voz, deixando a alma e o amor, fazendo lastro.