FALTA DE ASSUNTO

FALTA DE ASSUNTO

jfvernalia*031.003

Se tomada num sentido favorável, a falta de assunto pode ser o próprio assunto a ser focalizado. Palavras vazias e silentes, então? Espera-se justamente o contrário.

Quando faltam coisas, múltiplas razões poderá haver para que faltem. Por quê assunto seria privilegiado a ponto de estar excluído desse rol de faltas, se nada pode deixar de faltar, dia mais, dia menos? É apenas uma questão de se aguardar o instante de florescimento de tal ausência. É, é verdade, chegou a hora da verdade: embora o universo de temas seja um leque de infinitas aletas, cada qual delas podendo ainda desdobrar-se em sub-temas, hoje o leque está somente com o cabo, sem nenhuma aleta ou até mesmo sem um pedaço quebrado dessa peça tão importante.

Quando se trata de direcionar focos à falta de algo concreto, como por exemplo, dinheiro no bolso, fato que nos dias atuais é fonte das mais diversas conversas, torna-se extremamente fácil realizar a abordagem desse tipo específico de falta, sem dúvida, tantos são os elementos que o circundam. É inegável a solidez das características de alcance e ramificações desse particular exemplo mencionado. Assim, se a falta de assunto tivesse o mesmo condão que tem a tão decantada falta de moeda sonante que está tomando os bolsos brasileiros seria exageradamente simples discorrer sobre a falta de assunto, ora se seria!, e isso repetimos com insistência!

Retomando o caminho: se já foi escrito antes que para a falta de assunto há razões, que razões poderão ser enumeradas?

A última delas seria atribuída à cegueira cerebral, isto é, nada ver além do vazio instalado. Isto significa que um copo vazio nada mais é do que um copo vazio? Se não houver esforços, sim! Se houver, não! O copo vazio contém ar, que é transparente, que tem oxigênio, gás imprescindível às funções do corpo humano ... Disto se infere que, oxigenando-se o cérebro, visualizam-se coisas onde nada aparenta existir.

A primeira daquelas razões, pela via não de todo oposta, estaria na teimosia em nada se querer enxergar onde existe algo que merece ser observado sem o menor esforço. É o caso daquele que vê mas não enxerga: é a fumaça que se aproxima bem rápido, em cujo meio o teimoso insiste em manter os olhos abertos para vê-la e depois reclama que seus olhos estão ardendo ... Oras! Às vezes é preciso fechar as pálpebras para continuar vendo!

Uma das razões medianas para que falte assunto é o silêncio imposto a determinado fato que queira falar alto. É neste exato instante que outro órgão de comunicação, o ouvido, ao se fechar, impede que sejam percebidas as vozes das razões que emanam do fato evitado. Não adianta aumentar os decibéis do volume sonoro das vozes que querem se pronunciar se os órgãos auditivos estão literalmente tampados: nada será vislumbrado já que nada será escutado e o assunto ecoará nos mais profundos poços da silenciosa escuridão.

Para ler mais razões, se ainda for necessário, é preciso ligar os aparelhos da paciência e da perseverança de vez que, não raras vezes, descobre-se que o silêncio é de ouro!