A TENENTE
Não sei se o que vou falar pode dar cadeia, acho que não, se fosse no tempo do regime militar certamente iria mofar um bom tempo nas masmorras.
Quase todos os dias viajo no mesmo horário e ônibus com uma oficial das nossas gloriosas forças armadas.
No lado esquerdo do peito tem uma plaquinha: Tenente Luciana
Fico de longe observando e analisando, disfarçadamente é claro.
Ela não é tão bonita e aquela farda tenta eliminar qualquer traço de beleza, mas não consegue esconder um belo corpo.
Saia verde, blusa caqui, boina, sapato fechado preto e meias de seda.
Não usa brinco e tem o cabelo preso sob a boina.
Fico imaginando se ela usa calcinha de algodão dessas aparentemente bem confortáveis, se usa uma bem feminina de renda, um fio dental ou ainda se existe um cuecão próprio das forças armadas que faça parte do uniforme, só sei que não aparece a famosa marquinha que todo homem repara (atenção mulheres repara SIM!... até em mulheres fardadas).
Naquele dia, não sei o motivo, o ônibus usualmente vazio, estava bem lotado, não dava pra se mexer.
Ela entrou e ficou em pé, bem na minha frente, roçando a farda verde oliva em mim.
Tentei pensar na morte de minha avó, na fome na África, na derrota de meu time e nada.
Estava com idéia fixa.
Entrou mais gente e aí ela colou a patriótica “derriere” em mim.
Comecei ficar...digamos...de prontidão.
Ela sentiu, virou-se prá mim.
Tremi... vou levar a maior espinafração, vai me dar um maior tapão ou dar a famosa ordem de prisão: Teje preso.
Mas não...abriu um belo sorriso e disse
OBRIGADO PELA PARTE QUE ME TOCA!!!...CIVIL
O vander dunguel aqui do RL comentou que ela deveria ter dito obrigada e não obrigado...ela disse obigadO mesmo, deve ser um hábito da caserna. Disse ainda que eu deveria ter cuidado com a bainoneta...se preocupa não Delei... eu conferi...só tem a bainha...