RAIZES E FARPAS DO AMOR

Em nosso caminhar ao longo de uma existência, que eu acho curta, nos deparamos com os momentos bons e os momentos não tão bons, ou sejam os percalços que ladeiam os nossos caminhos, a cada dia que milagrosamente vamos extraindo da vida.

Nesse trajeto que desbravei até os dias de hoje, o fiz com muito amor e paixão, por tudo e por todos, em menor ou maior grau de envolvimento, mas sem duvida, trazendo sempre à vontade em primeiro plano, traçando metas e buscando alcançar os objetivos estipulados, se não diretamente os meus, porem daqueles a quem sempre considerei como parte integrante no contexto da minha vida.

E por tudo isso, eu creio poder abrir um leque de indagações na alma humana, quanto ao tema exposto. É salutar quando o homem esquece por determinado tempo dos tocos, pedras e espinhos de suas veredas, buscando aplainar as lombadas e tortuosidades das trilhas sinuosas de outrem, para que esse outro também alcance o seu patamar desejado, podendo assim regozijar-se do fruto da liberdade, alcançado por seu esforço e mérito.

Fazer alguém entender que é preciso caminhar sempre, não é uma tarefa das mais fáceis. Mostrar ao outro, que alem do ponto de tropeço, pode existir um longo trecho sem empecilhos em nossa estrada, requer paciência e muita perseverança. E por vezes não conseguimos atingir nossa meta, em virtude dos contratempos que são inerentes a pessoa humana.

A maior dificuldade que encontramos hoje nessa árdua tarefa de “amar ao outro como a si mesmo”; sem sombra de duvidas, é a aceitação do outro em mudar a trajetória de seu caminho. Confiar no outro, não foi e nunca será uma coisa fácil. Estamos habituados às idéias nem sempre condizentes com a realidade, logo passamos a acreditar que aquele que se dispõe a ajudar-nos, na realidade está tentando sobrepor a sua concepção do fato por sobre a nossa. Sendo assim busca-se contra atacar, ou seja, engendra-se de certa forma o troco do que se pensa ser um via de mão única.

Logicamente ninguém pode e deve aceitar, opiniões sem questionamento, sem argumentação, porem vale apenas o esforço para entender a mão que se nos estende, sem nada exigir em troca.

Certa vez eu escutei de uma pessoa envolvida num relacionamento, que achava está sendo usado, tentei entender sua argumentação e percebi que este não estava levando em consideração a via de mão dupla que deve pautar os relacionamentos que deram, dão e darão certos, pois na via de mão única, em nossos caminhares, no relacionamento homem e mulher, não chegam a lugar algum.

Não necessitamos de estórias fantasiosas para crê no outro, basta-nos à sinceridade, a liberdade ampla para a compreensão, que não nos incuta a dúvida, que nos leva a um desvio de pensamentos deturpados, sinuosos e sem retorno.

Eu sempre acreditei no ser humano, na pessoa do homem e da mulher e tenho minhas próprias convicções do quão difícil é soltar-se das teias, dos emaranhados labirintos que o mundo nos apresenta e por conseqüência nos envolve, mas também tenho convicção que para o ser humano o que mais conta é a sua vontade e a capacidade deste em soltar-se das amarras do falso “EU” em favor de uma psique plena em harmonia, possível de muito amor e compreensão para com os seus pares.

Assim sendo veja a vida como a uma via de mão dupla: aqueles que vão e aqueles que vem, e, sem subterfúgios procure caminhar o seu caminho e contribuir para melhor fluidez no caminho do outro, sem os entraves da mentira, da rejeição e do desamor, como logro ao suposto sonho do benefício da individualidade.

Rio, 28/07/2009

Feitosa dos Santos