Do Passarinho Que Come Pedra
(23.10.2007)
“Sempre protegido pelas divindades, o mais forte dentre os Aqueus é Aquilles, filho de Peleu e Tetis; ligeiro, é capaz de derrotar inúmeros inimigos. Mas, também tem suas fragilidades: chora, se desespera, se revolta e, quando injustiçado, chama pela mãe.”
(Homero – Ilíadas)
Apelamos para os mitos porque somos inseguros. Religioso, político, artístico ou esportivo – o mito dá-nos a impressão da perfeição que não temos; a bengala da nossa própria ignorância. Afinal, somos falíveis. Mais do que isso, somos fracos. Mais ainda, somos frágeis. Basta um Tsunami, um avião que cai ou um incêndio na Califórnia para demonstrar que nosso orgulho pode, em instantes, ir por água, terra ou fogo abaixo. E, nesta hora, até os mitos choram por ‘mamãe’. É o momento em que o ‘furimba’ aperta.
No entanto, alheio a isso tudo, há aqueles que se sentem soberanos, intocáveis em sua soberba.
No Senado, a bagunça não só se generalizou como se ratificou: a prova de que não podemos contar com a política, pois lá é o reino dos déspotas; nem um pouco esclarecidos, diga-se de passagem.
Na Câmara, os deputados aprovam reformas de seus apartamentos que chegam ao valor de trezentos e cinqüenta mil reais por unidade. Dentre os itens das reformas, banheiras de hidromassagem.
Na Presidência, o Presidente do Povo apóia o imposto contra o povo – que, é gasto em reformas de frívolas ou aumento de sanguessugas do Estado. Aliás, imposto contra toda a economia. Todos pagamos diversas vezes. No fim, claro, o preço é repassado para o consumidor, sempre sem proteção. Assim como, somos super-tarifados por bancos que já tem lucros absurdos com nossas estúpidas taxas de juros.
No caso da CPMF, é fácil demonstrar que há mais do que bi-tributação: se a arrecadação é quarenta bilhões por ano e o imposto é de 0,38%, o PIB brasileiro deveria ser dez trilhões e quinhentos bilhões de reais. Ou seja, cinco vezes mais. Logo, somos taxados cinco vezes mais! Como os estabelecimentos comerciais repassam isso para o preço, você, leitor e eleitor, paga muito mais do que imagina. Certamente, mais do que a ‘Bolsa Família’, no fritar dos ovos.
Todos somos frágeis. E ficamos cada vez mais frágeis por votarmos em mitos, nos apoiarmos em mitos, sonharmos com mitos, que vendem a nossa realidade para o seu conforto.
Falemos de coisas melhores!
Segunda-feira, estivemos na apresentação do Píer Turístico de Porto Belo. Surpreendeu-me, positivamente, a relação do Município com o Governo do Estado. Mais do que simples diálogo, os esforços estão concatenados para questões imperativas, como o melhor aproveitamento do turismo e o saneamento da cidade. Quinze milhões serão investidos neste último. Triste fiquei apenas em saber que a politicagem de oposição gostaria de impedir que tais esforços fossem concluídos, tentando convencer a população de que saneamento é ruim. Só no Brasil, mesmo! Enfim, o mais importante é que o esforço político, naquele Município, não é gasto em obras ridículas e desnecessárias, como há muito venho apontando aqui, nesta coluna.
Aliás, um bobo disse que não anunciará neste semanário porque somos contra a Prefeitura. Ora, não somos contra ninguém. Apenas a favor de Bombinhas. Se um centro-avante não marca gols, todos reclamam e pedem para que saia; não é nada pessoal! Queremos ver gols! Queremos reformas que façam melhorar a situação desse Município de barro; não essa baboseira politiqueira: portal e re-urbanização; quando poderia ser conseguido apoio do Governo do Estado - a exemplo de Porto Belo - para urbanização das vias enlameadas; ou, como disse meu amigo João: cloacais. Ouvi até dizer que saneamento não dá voto. Por favor, eleitores de Bombinhas: VOTEM PELO SANEAMENTO! Não façam como Judas. Não se vendam por ‘Cestas Básicas’. Pois, quando vier o beijo na face, será tarde demais. Até porque, depois, a ‘Cesta Básica’ entra e sai. Sem pedra.
Mas dói saber que vendemos a nossa dignidade.