Da Ignorância

(05.09.2007)

"Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância." (Sócrates)

‘Ignorância’ é um termo forte. Tornou-se ofensa, em qualquer língua. Mas, se pensarmos bem, todos nascemos ignorantes. Sim, porque ignorante é, simplesmente, aquele que ignora. E, ao nascer, ignoramos tudo: comer, andar, falar... apenas choramos, quando precisamos ser atendidos. Muito menos, sabemos quem somos. Nascemos ignorantes de pai e mãe.

Existe uma outra palavra mais ‘chique’ para ignorante: ‘obtuso’. Portanto, se alguém lhe chamar de obtuso, saiba que o está chamando de ignorante.

Exatamente, tudo está na forma como se diz. A maneira como se expressa. Seja na palavra escrita, seja na forma oral, podemos até ofender alguém elogiando. Desde que sejamos irônicos: “nossa, você está linda!”; “Poxa! Você descobriu isto sozinho, ou precisou de ajuda?!”. Portanto, não está no termo, mas na expressão a intenção.

Na verdade, o fato de desconhecermos algo é extremamente abrangente. Em primeiro lugar, porque existe muito mais coisas que desconhecemos. Ao passo que, o conjunto do que conhecemos, por mais que venhamos a estudar ou a nos dedicar, tem a sua limitação. Em segundo lugar, a vida está em constante modificação. O que era novo torna-se velho. O que fora considerado velho, muitas vezes, vem à tona renovado. E, principalmente, o que está por vir ou acontecendo, no universo da realidade, muda a todo instante. Portanto, não há nenhuma ofensa em sermos ignorantes. Muito pelo contrário: a única sabedoria é termos humildade de nos entendermos desconhecedores da verdade plena.

Contudo, o maior inimigo da noção de ignorância é a própria ilusão da sabedoria. E essa ilusão pode nos levar à soberba, à arrogância. Outro grande inimigo é a inflexibilidade. O famoso ‘cabeça dura’. Aquele que não aceita argumentar e fica rígido em suas convicções. Pois, uma coisa é defender suas convicções; uma vez que é óbvio que acreditamos no que pensamos. Outra coisa é negarmos novas informações como se tal aceitação ferisse nosso orgulho. Esta sim é a maior ignorância: ‘o maior cego é aquele que não quer ver’.

Mas, todos sabemos que a flexibilidade resiste mais que a rigidez. Mesmo que intuitivamente: ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’.

E é a inflexibilidade que paira na cabeça de nossos Administradores Públicos e políticos, em geral: quando colocam algo ‘na cabeça’ não querem refletir e repensar nos exemplos que já deram certo, em outras culturas, e aplicá-los em seus mandatos. Muito menos, dar continuidade a trabalhos iniciados por antecessores de outros partidos; como se estivessem acima dos interesses da nação, do estado ou do município. Não querem aplicar o óbvio em suas comunidades, sendo vítimas de seu próprio ego.

Renan Calheiros é um bom exemplo disso. Não exerce sua principal função que é preocupar-se com o reflexo de suas decisões em nossas vidas. Nada disso! Renan está preocupado com seu orgulho. Ignora que é apenas um servidor da nação, no lugar de uma autoridade soberana, como deve se pensar.

Outros, que sofrem do mesmo mal da rigidez encefálica (cerebral), são os partidários presos às amarras de modelos que já deram errado, como o comunismos - hoje renomeado de socialismo -, e seus símbolos arcaicos ‘Foice e Martelo’ (século XIX!!!), ‘Estrela Vermelha’ e...‘Che Guevara’?! Fala, sério!! Só deu certo numa ilha perdida no meio do Caribe, liderada por um ancião vestido de escoteiro, e de onde todos querem fugir. Tornou-se ícone pop da esquerda festiva. Isto é fechar os olhos para a realidade, para a vida que segue e se renova, em nome dos ideais velhos, autoritários e egoístas; como torcedores fanáticos de futebol. Melhor seria Bob Marley ou Raul Seixas.

De fato, prefiro a solução de Cristovam Buarque e Darci Ribeiro: Livro e caderno. Ou o eleitor quer ver seus filhos e netos martelando e ceifando o resto da vida?

Por isso, tais partidos sempre quererão manter a população pobre e sem instrução, dependente de ‘Bolsas Esmola’. Pois, do contrário, perdem seus eleitores e seu ganha pão. Perdem a razão de sua própria existência. Ora, o desenvolvimento não é do interesse deles. Assim, nunca investirão em educação. Só esmolas.

Enfim, uma coisa é sermos ignorantes. Outra, é virarmos às costas para a vida, para estarmos abertos ao conhecimento, quantas vezes ele se renovar.

Reflexão com amor e razão: duas mãos opostas que se ajudam. Como a única sabedoria plena, que a Natureza, assim, criou.