De Isabella
(07.05.2008)
“Já vi de tudo. Até guerra. E não há nada mais terrível na vida do que a guerra”.
(Joel Santana – técnico de futebol)
Tanto as obras de ficção quanto os distantes fatos cotidianos que aparecem no noticiário – como no Oriente Médio, onde já trabalhou o técnico de futebol Joel Santana – nos trazem a convivência banal com a violência. Porém assisti-la, literalmente em carne e osso, é chocante. O que era distante torna-se perto; e o que esta perto dói.
Contudo, ainda distante, chega a ser curioso, irônico, como uma comunidade pode ser incoerente.
Muito se reclama sobre a ineficiência da polícia, a impunidade, a morosidade da justiça e a falta de transparência da mídia. Ainda assim, quando isto muda, quando há maior enfoque em um crime, logo vêm aqueles que reclamam, que o chamam de sensacionalismo, que há excesso na exploração da imagem da falecida Isabella, dentre outras coisas.
Para começar, sem transparência não há pressão pela função da justiça, nem da polícia e, assim, permite-se a continuidade da impunidade.
Quanto à imagem da menina, se fosse excessiva, a própria mãe não apareceria, junto a parentes de outras vítimas, em Missa com o Pe Marcelo Rossi.
E, no argumento de que “existem tantos outros casos piores no país que não são tão divulgados”, o limite disso é não se divulgar coisa nenhuma. É como dizer que, por ser pior achar meio bicho de goiaba do que um inteiro; seria ainda pior não achar bicho de goiaba nenhum.
Ora, francamente!
Alguém que é capaz de jogar uma menina de seis anos pela janela deve ser encontrado e punido. E, para isso, torna-se necessário sim a divulgação da matéria e seus andamentos à exaustão. Caso contrário, cai-se em esquecimento e proporciona que novas atrocidades surjam, como no recente caso, na Áustria.
A violência é real. Existe sim. Não podemos simplesmente virar as costas para isto, pois sempre estaremos sujeitos a que tais situações não só se repitam, mas se ampliem.
* * *
Esta postura política do governo em relação às questões econômicas forja aspectos reais, com objetivos eleitoreiros.
A manutenção dos preços da gasolina, nos postos de combustível, ilude a população com a idéia de proteção. Além de tentar postergar uma tão temida, porém irrefutável, alta inflacionária.
Para aqueles que não estão familiarizados com economia, existem conseqüências bem clara para esta postura: seria como um financiamento às avessas:
Geralmente, quando financiamos a compra de um produto, o levamos para casa e vamos pagando-o pouco a pouco, mês a mês. Porém, neste caso da gasolina, seria como se recebêssemos aos pouquinhos, a cada adiamento de aumento do combustível, e tivéssemos que pagar tudo de uma só vez, quando tal reajuste não der mais para ser reprimido. É o que de fato irá acontecer: aumentos maiores e repentinos.
Isto já aconteceu com o dólar, em 1999, quando, em um mês, subiu de R$1,25 para R$2,00, em função do adiamento de pequenos reajustes necessários. Onerou violentamente aqueles que acreditaram na estabilidade da moeda preconizada pelo então Governo e, assim, se endividaram.
A violência é real. Infelizmente, tais guerras silenciosas geram vítimas. Basta observar a grande diferença entre os poucos que são muito ricos e os muitos que são muito pobres.
Não podemos simplesmente virar as costas para isto, pois estaremos sempre sujeitos a que tais situações não só se repitam, mas se ampliem.