Sonhos e Vísceras
Tenho minhas vísceras expostas contaminando cada sonho meu. A paz não me acompanha em nenhum suspiro, respiro. Tenho a vontade de mudar tudo, calar e apenas sair de cena, silenciosamente, sem magoas ou rancor, apenas, sair, ir embora para qualquer lugar. Sei do veneno, da dor e da causa, sei disso, sei dos meus pecados, e não me envergonho de nenhum deles. Sei de Deus, sei da salvação, tenho um anjo da guarda, cansado e trabalhador, tenho sim. Tantas vozes ecoando em meus ouvidos, faça ou não faça, vá ou não vá, desista, continue, enfim, tenho meus sonhos, meus encantos, meus apelos, minhas insatisfações e mesmo assim ainda não tenho voz. meus punhos cerrados, minha vida curta que ando a passos longos, buscando desta forma apenas a merda de um fim. filmes ruins também tem fim. tudo tem, toda poesia tem um fim, um ponto final, uma folha virada. Acredito que possamos escrever novas poéticas, novos contos, que o fim da folha, tem o verso, o fim do verso, tem outra folha, do caderno, escreva onde der, se o lápis acabar, borre com tinta, use o sangue se necessário, mas apenas, continue a escrever a historia, da forma que der. sigo em silencio, devagar, em direção a porta, ninguém nota, todos estão muito ocupados em perceber os erros, os contrastes, as diferenças, imperam suas necessidades e não alimentam suas almas, não, não vão me notar sair, meu corpo presente, minha alma, nem eu mesmo sei onde anda, mas corro em liberdade meus pensamentos, tentando separar sonhos e viceras, arrumar, ajeitar, costurar, e por fim, continuar, a coragem brota humilde no peito, regada por lagrimas diárias, que escorrem ali.