Do Feriado no Universo em Desencanto

ou Da Vitória da Derrota

(05.01.2007)

“Existem apenas duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. E não tenho tanta certeza quanto ao Universo”

(Albert Einstein)

"O brasileiro é um feriado”

(Nelson Rodrigues)

Não é eventual. Trata-se do menosprezo ao planejamento, à consciência, à gestão, à competência. É a Vitória da Derrota!

Quando, em Julho (curioso mês), estive naquela reunião sobre re-urbanização e pórtico, pensei: “não acredito no que estou ouvindo! Tanto a ser debatido e os cidadãos de peso – incluindo vereadores – empenhados nisto?!” Triste e inquestionável Vitória da Derrota.

Foi naquele momento que, percebendo a relação entre o microcosmo ‘Bombinhas’, o macrocosmo ‘Brasil’ e a excelência da obra de Dias Gomes, escrevi minha primeira crônica, neste periódico: “Da Morte em Sucupira”.

Pior do que havia imaginado: é óbvio que não conseguiriam fazer nada – exceto que estariam fingindo fazer alguma coisa. Mas, jamais esta absurda falta de água do Verão, como derradeira cereja. Derrota de Bombinhas!

Mas, vai-se indo – ao abismo que não veem, pelo visto

Minhas reflexões têm vários endereços, além do Tatuíra: mala direta para amigos no Brasil e no exterior. Nisso, meu pai, que também os recebe, sugere que abandone tais temas políticos. Vê por bem dedicar-me exclusivamente ao meu trabalho. Talvez, porque tenha crescido sob a ditadura de Getúlio Vargas e se acostumado, no auge da sua vida, com o silêncio exigido pela ditadura militar.

Ora, política não é meu tema. Exigência, sim. Exigir eficiência da administração pública (o termo ‘público’ significa ‘do povo’. Portanto, são nossos empregados) é um direito de cidadania. É não ter ‘sangue de barata’. Afinal, estúpidas decisões afetam a cada um de nós, desde que ‘me dou por gente’. No entanto, com a participação de todos, como acontece em países ‘não à toa’ desenvolvidos, o efeito seria menor. Poderíamos existir e exigir, em condições melhores. Ao invés dessa população amontoada em favelas e que, por indignação ou falta de opção, está à margem – em constante crescimento – de nossa sociedade. E isto nos afeta diretamente.

Em efeito, a fatia educada e alienada da população não percebe tal degradação, isoladas nos “apartamentinhos de Zona Sul” – ou em seus universos de interesses pessoais –, como é dito em ‘Tropa de Elite’. Bem como, a esfera miserável, sem liderança digna, não compreende seu papel. Limitados a cada um por si e Deus por Ele – se Deus fosse brasileiro, claro – sucumbem à própria falta de conhecimento forjada pela nata administrativa.

O resultado é a Vitória da Derrota: a apologia da ignorância, garantida pelos ‘Podres Poderes’ do país adentro e afora.

Dessa feita, tal inversão de valores inverte até o elementar: ‘Desenvolvimento’ aparece antes de ‘Educação’, ‘Infra-estrutura’ e ‘Trabalho’ somente no dicionário.

Quem, sob a cultura da ‘esperteza’ além de ‘imaginação’, compreende isto?