Da Diversidade Cultural

(09.09.2007)

“O Brasil não está cumprindo o seu papel. No entanto, tem um papel imenso a cumprir”

(Lélia Salgado)

‘Metrópole’, hoje em dia, quer dizer ‘cidade grande’. Mas, nem sempre foi assim. Sua origem vem do grego ‘cidade mãe’ (mëtra ’matriz e pólis ’cidade); a cidade que administrava suas colônias. Por sua vez, a primeira ‘província’ de Roma foi Provença daí o seu nome.

Hoje em dia, ‘província’ e ‘provinciano’ são palavras usadas para referir-se a cidades pequenas e seus costumes.

As províncias romanas foram crescendo de acordo com os avanços das tropas do Império. Este se estendeu, além de toda a Europa Ocidental, por partes da África, Ásia e Europa Oriental. Sua vantagem era a capacidade de agregar tais culturas diversas à sua própria, elevando o seu nível cultural e formando, não só um dos maiores impérios da História, que durou por mais de oitocentos anos, como também uma civilização que sobrevive fortemente até hoje: a Civilização Ocidental.

Passaram-se dois mil anos e nós, brasileiros, temos a graça de nascermos num país onde todo o Planeta reside nele. Todas as nacionalidades agregam à nossa formação cultural; de formas diferenciadas, mas todas muito presentes. Esta troca cultural é a principal fonte da nossa criatividade; que tem um lado infeliz: o jeitinho que, porém, possibilita grandes feitos dos quais, alguns, nos orgulhamos; outros, deixamos passar desapercebidos.

O país de Santos Dumont, Oswaldo Cruz e Pelé é o mesmo que nos surpreendeu, tanto nos jogos Pan-Americanos, quanto no Parapan. Neste último, chegamos a um avassalador primeiro lugar. O que demonstra a beleza, a força e a capacidade de superação de nosso povo; misturado que é, em sua diversidade cultural. Todos somos estrangeiros e brasileiros, ao mesmo tempo.

Somos assim. Basta uma pequena chance que logo aparece um Vinícius, um Guga ou um Washington Olivetto da vida. Esta é a nossa ‘verdadeira verdade’, ainda castigada pela Administração Pública medíocre e aproveitadora.

Não faço a apologia do patriotismo. E sim, da transformação de nossa comunidade em ‘comum-unidade’. Em suma: chance social. E chance só existe através da cultura, da Educação.

A diversidade cultural romana provou isto. Apesar de não haver mais Império Romano, por meio dele a civilização se desenvolveu para os termos atuais. Principalmente, pela absorção das ciências gregas e árabes pelos latinos (nascidos em Lazio, região de Roma; daí, Latim, Latino Americano etc); pela sua capacidade de agregarem e deixarem agregar. Aprenderem com seus erros e acertos dos, muitas vezes, inimigos: Cartago é um excelente exemplo.

Assim sendo, é por Educação que temos que nos unir. Não pelo Socialismo ou outros modelos econômicos. Parafraseando João Saldanha, ‘se modelo econômico desse resultado, a sociedade mundial estaria equilibrada’.

Portanto, o que traz resultado é trabalho. E o único modelo eficiente pelo qual precisamos trabalhar é a Educação. Por outro lado, o preconceito é autodestrutivo. Seja ele partidário, racial ou social. Só aos interessados pelo poder é benéfico. Eleitores podem brigar num bar. Contudo, quem é eleito não suja as mãos; mas, ganha salários e férias vultosos.

No entanto, se nos aceitarmos só temos a ganhar. ‘Ninguém é tão pobre que não possa dar, nem tão rico que não possa receber’. E reside ai a troca cultural. Sem ‘pré-conceito’, ouvindo o que o outro tem a dizer. Sendo as crianças o foco principal, já que são elas que formam o Brasil; Santa Catarina, Bombinhas ou Porto Belo.

Educá-las é prioritário. Pois, o conhecimento traz alimento. Contudo, apenas alimento não traz conhecimento. Sem cultura, a sobrevivência é efêmera; sucumbe, como um peixe fora d’água.

Temos esse imenso papel a cumprir. Senão, sucumbiremos aos traficantes de drogas: crianças, ontem abandonadas pela sociedade preconceituosa.

E, inevitavelmente, será esse o ambiente que restará para o seu filho.