A MUDANÇA, A MULHER E O HOMEM

(18.07.09)

No brotar de tanta corrupção, de tanta podridão nas malhas dos Governos, (Federal, Estadual, Municipal, Industrial – “será que agora chegou nossa vez? Vamos cuspir o nosso lixo em cima de vocês?”) vem-nos a sensação de que nunca haverá solução. É sensação forte. Mas, tem um outro ângulo que gosto, também, de lembrar. E ele se compõe em duas partes (o leitor deve estar pensando: “um ângulo em duas partes?!”).

Bem... Primeiramente, quero coloca-lhes que a corrupção sempre esteve lá e que o próprio impeachment do Collor foi um grande ato de corrupção, arquitetado por muitos dos réus atuais – mais a mídia interessada. Não defendo o Collor. Contudo, ataco a hipocrisia e a cegueira popular. Só para deixar um pouco mais claro, se aquele movimento tivesse sido verdadeiro, não haveria a necessidade de dar folgas escolares para os adolescentes irem às ruas do Rio de Janeiro; vergonhosamente comparando-os aos argentinos dizimados nas Malvinas: cara-pintadas. Não havia um adulto na rua. Tudo pintado e mascarado. E os autores dessa falácia são, repito, os réus de hoje – mais a mídia interesseira. Os grandes mastodontes da corrupção brasileira.

Todavia, este assunto é muito extenso. Meu verdadeiro intuito é mostrar o bem desse mal atual: ver os facínoras vindo à tona; os vermes que saem das fezes. Poderosos que por décadas foram protegidos, em São Paulo, Bahia e Maranhão, por exemplo, finalmente são colocados em questão; à luz da verdade. Mesmo que não haja punição – infelizmente – já é um passo.

O ângulo que quero expor é a questão das mudanças – e sempre gosto do exemplo do Movimento Sufragista: Nos anos ’20, mulheres apanhavam nas ruas da Inglaterra em suas passeatas pelo direito ao voto. Na Década de ’80, o Primeiro Ministro da Inglaterra era uma Primeira Ministra. Ou seja, em apenas sessenta anos, muita coisa mudou. Portanto, aqui também poderá mudar. Somos ansiosos e esquecemos que se leva tempo para tais mudanças. Gerações precisam surgir.

O Movimento Sufragista, provavelmente, foi um dos movimentos mais importantes de todo o processo de exigências do papel da mulher na estrutura social. Ou seja, acabar com sua escravidão cultural, econômica, profissional, sexual etc e tal.

Muita coisa mudou. Lembro-me de um anúncio onde uma mulher que, sempre que tem uma idéia nova – trocar de carro ou da arrumação da casa –, pende a cabeça para o lado e dá um “humm” (tipo: “tenho que mudar isto”). E faz a mudança desejada. Por fim, à noite, entra no quarto, toda gostosinha de baby-doll, e depara-se com o seu marido roncando. Torce a cabeça e pensa “humm”.

Nós homens, estamos roncando nos quartos e terços e segundos da História. Somos vítimas, ensinados desde a infância a sermos incessíveis para mantermos a masculinidade – tremenda idiotice. Não me refiro a uma minoria pensante. Mas, à maioria que subestima o andar da carruagem, ainda a acha que ser homem é coçar o saco e cuspir no chão. Vão virar História.

Deveria haver um movimento entre os homens semelhante aos movimentos feministas, no intuito de realocá-los à nova realidade. Porque, em um universo onde 60% dos estudantes são mulheres, e crescendo, certamente restará aos trogloditas a mão de obra pesada ou a prostituição.

No entanto, até para se prostituir exige-se sensibilidade.