Da Dádiva, Da Dívida, Da Dúvida e Do DVD

(18.12.2007)

"Onde quer que você vá, vá com todo o coração."

(K´ung futzu. Ou Confúcio, no Ocidente)

Estou em Curitiba. Para passar alguns dias. Para fugir da rotina. Para mudar de ambiente.

Para!

Estou em Curitiba. Sem aspiração, sem inspiração. Observo a movimentação das pessoas, dos carros, do ritmo de cidade grande. Para observar o ritmo do Brasil. O ritmo do Paraná.

Pare!

Estou em Curitiba, com amigos. Vim visitá-los, vim de carona, vim de carro, vim parar aqui. Gosto de participar e observar a rotina das pessoas diferentes, em cidades diferentes. Gosto de andar na rua e perceber outra movimentação. É certo que todo mundo parece andar igual. Que toda cidade tem algo de igual. Mas é diferente.

Sempre existe uma essência que só pertence àquele lugar. É a alma da cidade. Percebe-se isto indo simplesmente de Bombinhas a Porto Belo. Cada uma tem seu ritmo, sua essência, sua alma. Sua dádiva, sua dívida, sua dúvida, sua loja de DVD. Nada é igual, mesmo que pareça igual. É singular, como cada pessoa. Um universo.

Também, um texto tem sua essência fundamental. Sua dádiva é jorrar a idéia antes acorrentada em observações, conclusões, especulações, dentre outra ações, para o ‘papel’. Libertar o emaranhado aprisionado que urge ser escrito. Na cidade, este emaranhado se desova cheio de expectativas e pensamentos únicos, nas primeiras horas do ‘rush’.

Da dívida, há dinheiro, há favores, há contradições. Há toda uma série de obrigações por terra. Internas. Externas. Contigo. Comigo. Consigo? Nem sempre. No texto não menos! Há o compromisso de debruçar-se nas teclas aliado ao compromisso de entender-se, compreender-se nas letras. Há o compromisso com a própria literatura, por fim.

O texto é uma cidade. Nova. Velha. Que se constrói. Que se destrói. Deixa dúvidas, em seu caminho. Como nas ruas. Por hora. Há horas. Em reflexões. Homem, texto, cidade, prédios, elevadores, elevações. Qualquer tamanho. Montanha ou praia. Odores. Dúvida que, inerente ao homem, participa de suas construções. Interfere na vontade, na qualidade, nos interesses que não permitem a vida, ao se perpetuar a disputa de cada um. Muitas dúvidas.

Sem dúvida, qualquer cidade pode não parecer muito agradável. No entanto, não depende apenas do astral alheio. Mas, como num texto, do seu astral.

Como neste, onde me sinto muito chato.

Na dádiva, na dívida, na dúvida, alugo um DVD.