O Menino de Jesus

Oito de dezembro de 2002.

Em Conceição do Pará, as pessoas se acotovelam na Praça. Umas para rezar, cumprir promessas, outras para fazer ali seu comércio, que era o mais variado possível.

A barraca da Diocese somente vendia artigos religiosos. A procura maior era por imagens da Imaculada Conceição – de tamanhos variados. Velas também tiveram uma grande demanda. Mas pela proximidade do Natal, alguns levavam também para casa o Menino Jesus. Era uma imagem de gesso, salpintada de glitter, que mesmo pequenina, teve muita procura. Outra imagem que também é da devoção popular é a de São Judas Tadeu – o santo das causas impossíveis.

Voltemos à barraca, pois lá chegou uma mãe ainda jovem, mas judiada pelo tempo e pela pobreza. Junto estava seu filho, com seus doze anos, também muito humilde e tímido. Deu uma rápida olhada pelas imagens expostas e logo fixou seu olhar num pequenino Jesus, de roupinha azul, naquela postura clássica dos braços abertos, um pezinho em cima do outro. E dele se enamorou. Olhava para sua mãe, colocava a cabeça em seu ombro e a mãe não decidia de imediato. Ele sorria suplicante e a mãe relutava em dispor daquele dinheirinho que era tão pouco, mas para ela podia fazer falta para outra necessidade mais premente.

Dulce, a doce atendente naquele momento, entendeu o pedido mudo mas convincente daquela criança, já quase adolescente, por um objeto tão simples, colocou um preço simbólico e a mãe decidiu por levá-lo. Valeu a pena ver a

alegria daquele garoto, os olhos brilhando e um grande sorriso, levar o pequeno embrulho nas mãos, junto ao peito, com o maior cuidado, pois para ele representava um grande tesouro!

Esta cena esquecê-la não vou. Como a felicidade depende de tão

pouca coisa para certas pessoas!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 05/06/2006
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