Cupins Xeretas
O adolescente Valdir arranjou o seu primeiro trabalho, numa fábrica. Estava feliz, porque teria o seu dinheirinho e não precisaria mais ficar incomodando os parentes, quando queria comprar alguma guloseima ou gastar com ingressos para o cinema.
Em poucos meses de trabalho, ele já fizera uma economia e comprara uma bicicleta de segunda mão. Contentava-se com esta, até que pudesse adquirir uma outra novinha em folha. Sentia-se bem satisfeito em não precisar mais fazer grandes caminhadas até o local de trabalho.
O relógio o despertava e ele tomava o café com ligeireza. Era prudente sair mais cedo, para compensar algum imprevisto no caminho.
A sua velha bicicleta não era assim tão confiável e podia apresentar um enguiço a qualquer hora. Mas, naquele dia, a coitadinha não teve nenhuma culpa. Seguia ele distraidamente pela estrada de chão, quando julgou experimentar uma miragem. Mas ali não era nenhum deserto, pelo contrário, um lugar todo arborizado, com sombras agradáveis.
Recuperou-se da vertigem e avistou uma morena que exibia o rebolado mais tremido que o normal. Aquilo o intrigou por demasia, até ao âmago de sua alma. Quanto mais ele olhava, mais ela caprichava no rebolado.
Parou de pedalar e em pouco tempo já estavam os dois no meio do mato no maior dos arroubos. Servia de encosto um enorme cupinzeiro.
De repente, a mocinha dava pinote e coçava todo o corpo. É que, com a confusão do casalzinho, os cupins resolveram participar e, aos montes, grudaram naquela pele macia e foi um sufoco para o Valdir catar-lhe todos os bichinhos.
Amor selvagem, ao pé da letra, ou melhor, ao pé do cupinzeiro!
***
A Raposalegre, criativa como ela só, transformou em poesia a história dos cupins! kkkk
Obrigada, Raposalegre, pela participação!
Mas que baita confusão
a Fernanda foi contar
a menina rebolante
fez o moço estontear!
Desceu da bicicleta
pegou a tal menina
bem ligeiro, ela bem quieta
não esperavam tal sina!
Foram pra trás das moitas
e ali namoraram então
mas com modos bem afoitos
acordaram um cupinzão...
Foi cupim pra todo lado
Uma tremenda confusão
eles gostaram um bocado
grudaram no traseiro então!
Mas que sufoco tremendão
Cupim pra lá, cupim pra lá
cupim pra cá, cupim pra lá
comeram todo o bundão!!!
E o moço? É melhor nem falar não!
Vi passar pela minha toca
correndo como tufão!
RECADO! CUIDADO COM AS MOITAS!!! PODEM NÃO ESTAR SOZINHOS!!!rsrssr
Um beijo da
Raposalegre
* Baseado na crônica CUPINS XERETAS
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1643141