Minha Primeira Mestra

De uniforme, com meus materiais escolares dentro de uma pasta de madeira verde, feita por meu pai, cheguei no Grupo Escolar Dª Antônia Valadares. Cada professora foi fazendo a leitura de sua lista. Depois todas as crianças acompanhavam sua professora para a sala de aula. Como eu era novatinha, aguardava com expectativa conhecer minha primeira mestra. Dª Albertina deu-nos as boas vindas e se apresentou como a professora de primeira série. Dia após dia, nos cativou pela sua bondade, paciência e dedicação. Sempre passava em revista nosso material escolar para ver se estava tudo em ordem. Os cadernos eram encapados com papel impermeável verde. Olhava o capricho e fingia de brava, quando via algum caderno com “orelha”!

Logo chegou o dia da primeira cartilha que se chamava "O Livro de Lili".

Esta era a primeira lição:

Olhem para mim.

Eu me chamo Lili.

Eu comi muito doce.

Vocês gostam de doce?

Eu gosto tanto de doce!

Através de uma historinha é que era feita a aprendizagem para os novatinhos. As crianças aprendiam através de palavras inteiras, pois somente palavras inteiras fazem sentido. Quando a turma era formada por repetentes, usava-se a silabação.

Minha alegria de ser aluna de Dª Albertina durou pouco, porque como eu já sabia ler e escrever fui transferida para uma sala de repetentes. Lá eu tive colegas difíceis, não tinha a história da Lili que eu tanto gostava! E fiquei longe de minha professora tão querida. Mas ela, tão sábia mestra, soube muito bem compensar esta minha tristeza. Sempre me envia mensagens lindas em época de Natal, de Páscoa, de aniversário...

Ela continua sendo uma professora fora de série!

(Enviei-lhe a historinha e recebi este mimo de resposta: "Fernanda, sinto-me feliz demais por você não se esquecer de detalhes de quando foi minha aluna. Em igual quantidade eu me sufoco de saudades daquele tempo em que eu me sentia professora e mãe de cada aluno. As suas palavras tocam no fundo do meu coração. Abraços de sua ex-professora Albertina Pereira da Sé"

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 27/05/2006
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