Os meus ou os seus?
Meus lábios escondem o meu sorriso, meus olhos, algo que não vejo faz tempo e por isso não sei mais descrever, apenas sei de certa forma que era algo importante para mim. É doce, tem o paladar estalado no ranger dos dentes por vez, quase bruxismo, mas ainda a suavidade daquele gosto deixa o relaxar do corpo e talvez da mente. Perplexidade tola, sem demagogias ou translúcidas explicações, apenas o simples, básico e conveniente, não havia ali um sorriso naqueles meus lábios, e meus olhos, apenas eram olhos, sem brilho ou profundidade, objetivas focas em deixar os dias sem foco e nitidez alguma, um homem em sua medíocre existência, buscando o sentido daquele doce travado em uma angustia de lembrar o impossível de se desenhar na memória traumática da felicidade passada, presente e sem futuro. O doce, ainda estalava e aguçava os sentidos, mas busquei o silencio, alem do sorriso, meus lábios ainda cerravam e estancavam todas as palavras, junto aos olhos que prendiam toda a luz sem transformar brilho algum, apagando no vácuo do espaço aberto por toda esta distancia do mundo e seus dizeres tolos as palavras junto ao gosto doce do que não sabia identificar mais. Aceito a presença deste doce, e das palavras que não sei mais dizer, em minha existência, na verdade, o que foi dito antes, ou o que não foi? Apenas suspeito que estes meus lábios esconderam de mim os seus.