O esgoto da alma
Havia esquecido o demônio que tinha dentro do meu coração. Hoje sei que o homem não se livre dele, não o deixa, não o esquece, apenas o guarda, brevemente esquecido, mas aquecido, nas trevas do ódio, na falta da liberdade, no controle alheio a vida. O demônio nunca se esvai das veias do homem, nunca se apaga, por vezes, se alinha a realidade e aparece em pequenas coisas do dia a dia, mas jamais deixa de ser parte do coração humano. Havia escrito certa vez sobre Deus e demônio, que seriam o homem, e assim o é, tememos o castigo, tememos a contra ordem e vivemos por ela, assim fazemos, assim somos, desejamos o sangue, a morte, a desgraça, a corrupção, o dinheiro fácil, o sexo pornográfico e indecente, mas vamos a missa domingo dominar os desejos invólucros no pudor medíocre que nos diz como devemos agir e pensar, é isso, não matamos o próximo pela possível punição criminal e divina, qual for, o desejo esta ali, batendo e chamando, querendo, desejando e nos aquecendo, mantendo toda a ira, toda luxuria, somando um a um todos os pecados capitais, fazendo do nosso coração a capital do inferno, travestida de santuário, onde rezamos e afastamos em tese todo o mau, inútil, somos ele em pele, carne e osso, cada célula e energia. Não, não me esqueço do bem que contra põe igual proporção em exatidão, mas aqui ressalto o que não dizemos por ai, o bem, é corriqueiro, cada boa ação feita, nos engrandecemos disso, cada bem feitoria, gesto ou servidão a nosso Deus, seja ele qual for, mas e o mau, quem ressalta, que diz e admite, pensei, eu quis, não tentei, mas tentaria se pudesse, o esgoto da alma que é tratado pela mente, mas existe, e corre em nossas veias, como disse, não adianta, podemos tratar o esgoto e as fezes de nossos pensamentos, mas ainda sim, correrão possivelmente tratadas em nossas veias, corações e desejos, para melhor conviver com o mau, é no mínimo necessário saber que ele existe, e sim, dentro de nós.