CONTRASSENSO
Investido de passageiro e ínfimo poder terreno, o ser humano faz descobertas maviosas e as utiliza tanto para o bem como para o próprio mal. São vastos os exemplos sobre esse tema. Por exemplo, cria a bomba atômica, mas ceifa a vida dos semelhantes em guerras absurdas e destrói na insanidade, edificações centenárias, transformando em destroços, frutos de anos de trabalho árduo.
Busca soluções para a substituição do “ouro negro” e encontra na natureza a sonhada alternativa: o etanol, mas destrói desenfreadamente, sem planejamento, as lavouras da mãe-Terra, calcinando-a; e com isso, aumenta a fome no mundo.
Descobre cientificamente como proceder ao seguro tratamento da água que consome, mas polui com as próprias mãos, caudalosos rios serenos!
Inventa eficazes remédios, até mesmo para gáudio do seu prazer sexual, porém, no afã da satisfação exacerbada, tornam-se sempre letais as doses exageradas.
Uma das últimas e mais fantásticas invenções feitas pelo homem, a Internet, inegavelmente, é o veículo de comunicação que mais aproxima as pessoas de todo o mundo. O internauta é um privilegiado viajor das mais lindas paisagens e monumentos históricos mundiais. Tem, sobretudo, oportunidades incríveis de aprimorar conhecimentos, interagir com pessoas afins, pesquisar, aprender, etc.
Em contrapartida, na mesma proporção em que instrui e permite que o indivíduo – principalmente quando tem talento e interesse – desenvolva o seu potencial, pode ser um veículo destrutivo dos mais maléficos, quando usado indevidamente por mentes poluídas de sentimentos mesquinhos, banais e até assassinas. Exemplos não faltam e causam extrema tristeza, de pessoas que fogem às obrigações que a natureza lhes delega, e se arruínam na corrente sombria da depravação e dos malefícios. E o que é pior, temos constatado casos absurdos de indivíduos aparentemente confiáveis, mas que, no fundo, são monstros que utilizam a Internet para a sedução de crianças e jovens desorientados.
Como último exemplo de incoerência humana, reporto-me à extraordinária competência dos astronautas terem chegado à Lua, para cuja odisséia foram gastos valores inimagináveis e,no entanto, não se busca solução para o fim da miséria e da fome no mundo.
Finalizo este questionamento, reportando-me ao sábio provérbio de Willian Shakeaspeare: “Homem, orgulhoso homem..., que imbuído de tão pequenina e passageira autoridade, empreende tão fantásticas missões perante os céus, que fazem os anjos chorarem”.