O CÓDIGO ÉTICO É O LIMITE DO HOMEM

Nesse momento busco entender através dos meus pensamentos, a dificuldade que é a convivência entre seres humanos. Uma pessoa convive com outra por tempos a fios, todavia não desenvolve para com essa, regra harmoniosa de convivência, e para consigo mesma.

Não consegue, por exemplo, desvincular as características adquiridas, de ação personalística do outro, o que lhe propiciaria a individualidade emocional e que por certo lhe daria maior sustentabilidade psíquica.

Não se deve alicerçar a dependência de um para com o outro, em tudo e para tudo. Necessário se faz aprender a viver sozinho em dados momentos, caminhar o seu caminho, com toda a liberdade que puder, mesmo que em outros instantes esteja rodeado e protegido pelo grupo do qual faz parte.

Eu tive a oportunidade de ler diversos livros de psicanálise e psicologia de autores famosos, assim como outros tanto de filosofia e, não observei em nenhum deles, o destaque para o código da essência interior, àquele que cada ser humano está atrelado, em seu intimo, no mais profundo de sua alma. Cada ser humano deve e pode fazer uso desse divisor, de acordo com o limite estipulado por esse e pelo outro; o código ético ou da essência de cada individuo, limita-o ou pelo menos deveria limitá-lo a só ir, até onde o do outro se inicia.

Não procurar identificar esse código no outro, é não levar em conta o que há de mais importante para esse outro, no que tange ao seu decoro interior. Faz-se necessário observar até onde as nossas intromissões, não perpassem os limites desse código da essência da alma em cada um. Essa per passagem poderá desequilibrar os valores pessoais e os limites da pessoa invadida.

Certos questionamentos formulados podem decorrer esses valores estipulados pelo individuo, e para aquele cujo limite não deve ser excedido, porque esse, determina a linha que não se permite ao avanço do outro.

É preciso que cada ser humano, não se permita invadir esse limite, não se dê a liberdade para a quebra desse código, por quem não se limita ao limiar do outro.

Não é aconselhável uma pessoa julgar a outra, sem observar o limite ético de seu código individual, de sua essência, bem como os parâmetros que dão limiar ao outro, que são seus limites e seus valores. Não se pode justificar a falta de cuidados, para com os valores éticos que o outro tomara para si. Molestá-los é invadir uma privacidade que não nos fora facultada, consistindo assim, em falta de sensibilidade e desprezo no trato com o que, só ao outro cabe. E assim, se faz certo o adágio popular; “O nosso limite termina, onde o dos outros começam”.

Quando se lhe é permitido avanços alem desse limite, por certo, haverá permissividade pactuada entre pessoas, logo uma não poderá dizer que não houve pactuação, como também não deverá reclamar se seu limiar houver sido ultrapassado.

Ao permitirmos que esse nosso anteparo seja quebrado, precisamos ter a consciência de que, se assim fora feito é porque de certa forma, houve um consentimento mutuo e, não apenas por deixar de sermos fortes, e com isso, nos tornarmos o último dos últimos, na cadeia dos seres pensantes, que somos nós os humanos.

É lamentável vê pessoas que burlam seus códigos, linhas limítrofes, permitindo-se, ao permitirem a invasão de um espaço que deveria ser tomado apenas para si.

Devemos dar e aceitar os limites de cada ser, para não interferirmos na liberdade de outrem, de forma que esse outro não nos feche o portal da liberdade aceitável.

A invasão provoca sofrimento, e não é saudável para ninguém: nem para quem ultrapassa e nem para quem é invadido.

Conforme me disse o Dr. Maurilio Mota: "Ao mesmo tempo o outro é a nossa face. Tudo que nele se sucede de bem ou de mal, crescimento ou declínio, nos afeta. O homem - como civilização - é gregário e só cresce - como ser humano - quando convive com outros de sua espécie. Isolá-lo é matá-lo. "Nenhum homem é uma ilha...". Crescemos nestes últimos milênios e, coletivamente nos tornamos mais justos, mais respeitosos, mais criativos - melhoramos nosso estilo de vida - a moderna, até que é bem confortável e não conseguiriamos sem o outro. O outro é a nossa antítese, é nosso grilhão, nosso maior medo, mas também é nosso amor, nossa razão de existir ou motivação, talvez. Com ele colidimos e nos enfronhamos, invadimos e somos invadidos e, tal qual como pedras a tropeçar pelo caminho, saímos mais fortes e talvez mais conscientes de nossa fragilidade - dai defendermos nossos direitos".

A aceitação por cada individuo do seu limite, torna-se o ponto alto da verdadeira compreensão humana, do respeito ao outro, e, acima de tudo, o respeito por si mesmo.

Não podemos e não devemos atribuir ao outro, aquilo que não queremos e, não fazemos a nós mesmos, para que mais tarde, não nos arrependamos em decorrência do efeito, em contrário.

Rio, 29 de março de 2009

Feitosa dos Santos