... e a gente chega lá.



   
 
  
  
          Diz Montaigne que por diversos meios chega-se ao mesmo fim o que significa que todos os caminhos levam a Roma. Ou então, que se você quiser mesmo conseguir alguma coisa você acabará conseguindo, de uma forma ou de outra. Ou quem sabe ele esteja simplesmente falando que ninguém foge do destino. Maktub, como dizia meu velho amigo de infância, Malba Tahan. Eu não acredito em destino, mas acredito nas leis que regem o mundo o que acaba dando na mesma. E nem é o caso de dizer que o que aqui se faz aqui se paga porque não se trata de castigo, mas de uma lei inexorável, o eterno encadeamento causa – fato – conseqüência, sendo cada um destes, todos, uma trindade: a causa de um fato é ao mesmo tempo a conseqüência de outro e um fato em si. E é por isto, só por isto, que a minha porção maldosa costuma dizer que  nada faço para vingar uma ofensa, feita a mim ou a quem amo, mas  espero sentada, as margens do rio da vida, o corpo de meu inimigo passar, porque tão certo quanto um mais um são dois, ele vai passar. As pessoas se assustam quando digo isto e às vezes esclareço outras não:  é uma figura de linguagem nada mais,  eu não vou me sentar à margem de rio nenhum esperando um corpo passar e nem desejo a morte de ninguém, só espero que a vida ensine a todos que precisam aprender e que aqueles que precisam aprender queiram fazer isso. E todos nós, inclusive eu, precisamos aprender. Hoje recebi um e-mail de um jovem que não conheço, mas que é de Lavras. Conheço sua família, sua mãe, seu pai, seus avós e o encontrei na internet em um site de literatura. Na ocasião estava na França, não sei onde está agora, se lá ou aqui, ou até em outro lugar. Faz muito tempo que não tenho contato com ele e assim do nada chegou sua mensagem, justo na hora em que eu estava precisando. Não sei o autor, nem vou reproduzi-la com as mesmas palavras com que a recebi. Conta o meu amigo que um jovem, diante de Deus, revoltado com as coisas terríveis que acontecem no mundo, com os homens, acusa- O  de omissão e lhe pergunta: - O Senhor vê tudo isso e por que não faz nada? Ao que o Senhor respondeu: - Mas eu faço! Eu criei você e o enviei para o mundo! Aí eu fico pensando em Deus como um Pai que vai colocando os filhos no mundo e lhes diz: A vida terrena é seu presente agora está na hora, vá embora de casa e só volte quando provar que mereceu este presente. E a gente sai por aí uns dando cabeçadas nos outros até que acerta o caminho e volta para casa. De qualquer forma chegaremos lá como filhos pródigos e seremos recebidos com festas, mas só depois de compreender o sentido do presente que recebemos.