Congonhas - II

Aleijadinho, com aproximadamente 28 anos, teve a responsabilidade de construir capelas de maiores recursos da sociedade da região e que nas décadas de 60 e 70 sua personalidade estava definida, seus méritos foram reconhecidos, possuiu recursos para se manter e aprofundou-se nas responsabilidades de artista.

No final do século XVIII, antes dos 50 anos, o mestre Aleijadinho contraiu uma doença conhecida na época como “zamparina” o que lhe causou muito sofrimento. Essa doença causara em Antônio Francisco Lisboa a perda dos dedos dos pés, atrofia dos dedos das mãos. Também perdeu os dentes, sua boca entortou e para alguns se tornou de “aspecto asqueroso e medonho”. Passou a vestir uma casaca azul, comprida, feita de pano grosso, sobre a calça e o colete. Disfarçava os pés deformados usando sapatos especiais e para que ninguém visse seu rosto usava um chapéu bem grande.

Por volta de 1796 a doença agravou-se mais. Nessa época iniciou-se a mais famosa criação de Aleijadinho, o conjunto de esculturas de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo: Passos da Paixão e profetas da entrada da igreja do Bom Jesus. Esse trabalho se prolongou por 10 anos. No início, apesar da dificuldade, conseguia amarrar o ferro e o martelo em suas mãos com tiras de couro. E mesmo com essas dificuldades fazia seu trabalho.

Por ser mulato, Aleijadinho não podia freqüentar as igrejas dos brancos. Mas como era um mestre consagrado e dominava a técnica do entalhe, todas as irmandades queriam que ele projetasse suas igrejas. Esculpia e talhava o que lhe encomendassem e recebia o pagamento em ouro. Com esse dinheiro ajudava sua família e as pessoas à sua volta.

O final da vida do mestre barroco mineiro foi em meio à dor e pobreza. No início do século XIX, mais precisamente em novembro de 1814, com aproximadamente 76 anos falece Antônio Francisco Lisboa.

Durante muitos anos seu trabalho foi esquecido. No inicio do século XX os modernistas redescobriram e valorizaram suas obras. Antônio Francisco Lisboa foi considerado então o maior representante da nossa arte barroca.

Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, não está mais entre nós, mas o Mestre permanece vivo eternizado em suas obras, em Minas Gerais e no mundo.

A Basílica do Senhor Bom Jesus de Matozinhos situa-se no topo do Morro Maranhão. O adro e a escadaria ornados pelos profetas de Aleijadinho conferem-lhe uma imponência incomum.

As torres são ligeiramente recuadas. Segundo Robert Smith, o frontão foi inspirado na Igreja do Senhor da Cruz (1708), de Barcelos, Portugal.

O interior da Basílica é no estilo rococó e reúne os trabalhos dos artistas mais importantes da época. Sob o teto do coro, pinturas de Mestre Ataíde representam os três patriarcas de Jerusalém: Abraão, Isaac e Jacó.

A talha da capela-mor é de João Antunes de Carvalho, que trabalhou ali, entre 1769-1763. É considerada uma das mais antigas no estilo rococó.

João Nepomuceno foi também o responsável pela pintura do teto da nave, com o tema da Santíssima Trindade no medalhão central. Em 1818-1819, Mestre Ataíde fez um trabalho de repintura deste teto.

O teto da capela-mor representa o sepultamento de Cristo e também é decorado com elementos rococó.

Sobre as mesas dos altares, ficam os seis relicários feitos por Aleijadinho para o Santuário.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 27/04/2006
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