Coroas - II

No outro dia, fomos conhecer o local onde nasceu Tiradentes: na Fazenda do Pombal. Da Fazenda só resta um pedaço de parede, pois na época da Inconfidência, depois que Tiradentes foi morto, fizeram questão de pôr tudo abaixo. Muitas placas estão ali, homenageando o herói da Inconfidência Mineira. Da senzala restou uma parte maior com algumas paredes de pedra. O local, que é tombado pelo Patrimônio Nacional, está bem cuidado. Perto da Fazenda passa o Rio das Mortes. Nossa visita a esse sítio foi fechada com “chave de ouro”: quando estávamos admirando a senzala, três tucanos (lindos e maravilhosos!) pousaram numa árvore bem perto de nós. E, para nosso deleite, eles aí ficaram um bom tempo.

Outro dia aproveitamos para caminhar e conseguimos subir a serra, que rodeia a cidade, até no seu topo. Primeiro atravessamos uma pequena e rústica ponte de madeira sobre o Rio Mosquito. A serra não é muito alta, mas deu para suar um bocado! Quando estávamos quase chegando, encontramos com um lenhador. Era um velho e estava descansando, já com o feixe de lenha pronto, jogado ao seu lado. Conversamos um pouco com ele. Apesar de pobrezinho não fez nenhuma reclamação, nem lamuriou a vida – e até parecia feliz!

Bem lá em cima, de onde avistamos toda a cidade, há um altar com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. De tempos em tempos, celebram-se missas nesse lugar. Ao descermos a serra, passamos perto de uma cerca de arame farpado. E lá dependurada estava uma cobra (verde) morta e uma lindíssima borboleta nela pousada. E chegando à pracinha, deparamo-nos novamente com o lenhador descansando à sombra da igrejinha de pedra. Disse que já estava quase chegando em casa, mas necessitava de mais uma pausa. Parecia que já éramos velhos amigos com apenas “dois dedos de prosa”!

Visitamos o engenho que funciona há mais de duzentos anos e que pertenceu ao irmão mais velho de Tiradentes. Hoje, Rubens Chaves, descendente direto de Tiradentes, é seu proprietário. Fica apenas a 500 m do centro de Coroas. É o Engenho Boa Vista, considerado o mais antigo do Brasil pela Embratur. Está tombado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional. Tem uma grande e bonita roda d'água que faz funcionar a moenda que tritura a cana-de-açúcar, usada na fabricação de cachaça.

(continua)

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 26/04/2006
Reeditado em 26/04/2006
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