VULTOS DE SAUDADES

De repente a surpresa insana. Cai a capa, e o que é verdadeiro se desnuda aos olhos. Vem a face calada e grita suas verdades no silêncio do susto. Vai no susto, no solo do presente que aflora, a esperança que aprendi a cultivar sem motivo. Sou agora o cuidado que se personifica face ao mundo inteiro.

Minou a vontade, não desejo mais crer em ninguém; sou pingente nas voltas desse globo. Tenho febre com delírios brutais. Posso ver o contraste, pois fica em meu lugar um traste aberto à visão do espírito.

Sei agora, como nunca soube que no fundo sabia, que o teu ser, sempre oculto, era vulto e só.

É assim que prossigo: Levando meus vultos de saudades. Saudades do que nem sei, porque sequer existiu. Na verdade não foste, apenas estavas o que dizias ser. Eras um empréstimo de falsa personalidade ao brilho dos olhos cuja luz parecia natural. Parecia sim, aos meus olhos que brilharam por tamanha ilusão.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 08/02/2009
Código do texto: T1428148
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