Santos em Demasia

Caro amigo cidadão universal

Acaso paraste, te apercebeste

Que existe uma infinidade de santos

Podes escolher á vontade

Santo se escolhe por afinidade

Aquilo que o faz crer em sua santidade

Mas então por onde anda o santo

Da crise de identidade

Da solidão

Da dupla personalidade

Onde anda a santa

Do transtorno bipolar

Da esquizofrênia secular

Acaso não crês ser possível

O santo do imprevisível

O santo do espanto

A santa da loucura coletiva

Dos justos pregadores

Da tribo convertida

Santo sem fronteiras

Para santos estas invisíveis são

E o que dizer se baixasse por aqui

O santo da corrupção

Viria ele

Com toda pompa

Comitiva primitiva

Faria tanto sucesso

Junto aos fiéis lá do congresso

Esse santo coroado seria

Agraciado

Homenageado em sessão solene

Subira a rampa do planalto

Olharia lá do alto

A multidão fiel

Mas antes de se retirar

Seus discípulos iria reunir

Não para instruir cassação

Mas para lhes revelar

O segredo maior

Da sua santidade corrupta

A de que santo corrupto que se preza

Há de ser filho da puta

Há de não medir esforços

Há de receber com bom grado

Um dinheiro ofertado

Melhor ainda

Se o mesmo for desviado

Do povo assalariado!

Esse seria o santo mais popular

De que já ouviste falar!