ENVELHECER É  .....
 
Fátima Irene Pinto
 
Envelhecer é enfrentar uma queda de braços entre a mente e o coração que continuam jovens e não se entendem mais com um corpo que resolveu ficar caduco.
 
Envelhecer é ter, quase todo o santo dia, uma dor oficial que resolveu convidar todas as suas irmãs para virem se instalar nos lugares mais estranhos da nossa máquina rodada.
 
Envelhecer é olhar na vitrine de uma loja e ver um tremendo salto agulha feito para os pés de Cinderela, entrar na loja e comprar duas Molekas. Ó dó!
 
Envelhecer é olhar para aqueles modelitos esvoaçantes com tirinhas que dispensam soutien e constatar que ficarão lindos, não em você é claro, mas na sua norinha de 17 anos.
 
Envelhecer é estar alguns ou muitos quilos acima do peso, comendo o que você sempre comeu e verificar que as benditas gordurinhas resolveram se instalar onde já havia outras, sem nenhuma noção de distribuição equitativa, como migrar para as canelas finas por exemplo, ao invés de se acumularem nos quadris ou na barriga.
 
Envelhecer é começar a esquecer as coisas que aconteceram ontem, mas se lembrar das coisas que aconteceram lá atrás, na outra encarnação, quando a gente plantava batatas provavelmente na Europa.
 
Envelhecer é olhar para os seios que antes faziam um ângulo perfeito de 90 graus com a cabeça e agora formam um ângulo agudo (não me peçam para dizer os graus) com os pés.
 
Envelhecer é perceber que aqueles que nos chamam de "você" são os velhinhos(as) da nossa tribo porque todos os demais nos chamam de Sra. ou de Tia. Ai .....!
 
Envelhecer é cair numa paquera arretada e cheia de tempero com um gatão que nos atraiu pela inteligência e sensibilidade cá na Net, e descobrir que ele está beirando ou passou dos 80 anos. Nada contra, afinal amor não tem idade ... mas o "viveram felizes para sempre" está mais para "viuvez iminente".
 
Envelhecer é constatar (com bastante pesar) que não podemos substituir o nosso Fusca/53 por um Gol geração 2009 e ter que ficar pedindo ao velho Fusca: guenta aí, mermão, que ainda preciso de você para rodar até o ponto de chegada.
 
E finalmente envelhecer é começar a pensar inevitavelmente que o "ponto de chegada" vem vindo ao nosso encontro numa velocidade sem precedentes. Dureza .... !
 
MASSSSSSSSS, como toda moeda tem as duas faces, é claro que envelhecer traz consigo também muitos privilégios, senão a gente não seguraria esta onda.
Sobre tais privilégios, sugiro-lhes esta crônica editada no outro site.
 
 
Meu amigo, minha amiga, boa velhice para mim e para você ... apesar de!
 
 
 
 
 
 
Fátima Irene Pinto
Enviado por Fátima Irene Pinto em 15/01/2009
Reeditado em 11/06/2009
Código do texto: T1386204
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.