OS FILMES DE NOSSAS VIDAS
 
Fátima Irene Pinto
 
Diz o ditado: diz-me com quem andas e eu te direi quem és.
Mas quando o tema é filme, seria mais correto dizer: diz-me os filmes da tua vida e eu saberei um pouco de ti.
Não estou muito atualizada com relação às últimas películas mas gostei e recomendo:
"Querem me enlouquecer" com a Barbra Streisand. Para quem aprecia julgamentos bombásticos e psiquiatria é um prato cheio.
Com a mesma atriz também assisti o "Príncipe das Marés" e temos novamente um grande filme voltado à área da psicanálise e psiquiatria.
Adorei assistir "Amadeus", "Ghost", "Uma Linda Mulher", "Proposta Indecente", "Lancelot"  "Dança Comigo", "Perfume de Mulher" e por aí vai.
Há consenso. Todas as pessoas adoraram estes filmes, mas são tantos os bons filmes que se eu for listar não conseguirei concluir esta crônica.
Mas quero falar dos filmes que me marcaram profundamente, filmes que tornei a assistir não sei quantas vezes, e com certeza, ainda os assistirei umas tantas outras.
 
Ben Hur.
Eu ainda era criança. Devo tê-lo assistido pela primeira vez aos dez ou doze anos.
Belíssimo, imperdível e imortal. Ele provocou-me o primeiro grande questionamento filosófico e eu coloquei em cheque o que havia aprendido no Catecismo porque não considerei a fúria e a vingança do personagem como pecados capitais.
Diga-se de passagem, até hoje eu sempre me pergunto quem é mais pecador: se quem sente ódio ou se quem o provoca.
De forma que, quando Ben Hur derrotou Messala e reconquistou tudo que lhe havia sido roubado de forma tão vil e dolorosa, eu não vi alí um pecador, um irado ou um vingador, mas uma criatura corajosa que lutou heroicamente para reparar o grande dano causado em sua vida.
O filme é do tempo de Cristo e, passados mais de dois mil anos, os "Messalas"  da vida continuam aí por toda parte, ainda mais ardilosos e requintados, atuando em todos os escalões do cenário humano.
 
A Noviça Rebelde
Este marcou a minha juventude de forma indelével.
Ví-me completamente espelhada em Maria nos mínimos detalhes.
Se vocês se lembram, o filme começa com ela cantando logo cedinho, uma canção de louvor à natureza no topo de uma montanha austríaca.
Maria tinha duas naturezas: uma queria servir a Deus mas a outra era profundamente romântica e vocacionada para o casamento, sem que nem ela se desse conta disto.
Maria tinha dificuldade em acatar ordens ou integrar-se às estruturas vigentes.
Era completamente alegre, musical, espontânea e também sabia dançar.
Ela chegou na casa da Família Von Trapp e mudou para sempre o destino do Capitão Von Trapp e seus filhos.
Não sou capaz de assistir a este filme sem ter espasmos de lágrimas e experimentar uma emoção incontrolável, seja pelo enredo, seja pela trilha sonora, paisagens e porque não dizer, pela total identificação.
Por muitos e muitos anos eu estive à espera do meu Capitão ... mas filme é filme e este teve o final feliz que não aconteceu em minha vida, embora eu tenha feito outros percursos cheios de desafios com finais felizes algumas vezes e desastrosos em outras.
 
Powder - Energia Pura
Este talvez não seja tão famoso ou popular, mas eu digo que é impossível assistí-lo sem envolver-se completamente. Recebi a indicação quando fazia o Pró=Vida e estava envolvida com diversos assuntos e estudos de natureza metafísica.
Foi na década dos meus quarenta anos.
É uma ficção que lava a alma, que enternece, que arrepia, que envolve e faz chorar.
Em comum com J. Reed - personagem principal - eu carrego até hoje uma frase que ele mencionou várias vezes no filme:
- Quero voltar pra casa!
Ele sentia-se deslocado no mundo, como eu mesma me sinto tantas vezes, e pedia para que o levassem de volta à casa onde foi criado, único lugar onde era possível ser feliz.
Final chocante e surpreendente. Canção de fundo inesquecível.
Traz lições a serem assimiladas e colocadas em prática para toda a vida.
 
A Lenda do Pianista do Mar
O filme que marcou a minha década de 50 anos.
Este eu não vou comentar. Vou apenas sugerir que assistam e tirem as suas conclusões pois cada um sentirá o filme conforme o seu próprio filtro.
Em cada frase um poema, uma máxima, uma revelação.Trilha sonora de perder o fôlego.
O cenário é um imenso navio que o personagem jamais conseguiu deixar.
Para saber porque, só assistindo mesmo.
Às vezes me vejo lidando com estas 105 teclas do meu computador e tal como "Mil e Novecentos" (nome do personagem principal) eu também penso que não seria capaz de descer do navio. Que navio? A Net.
Mas isto não tem nada a ver com o filme nem com "Mil e Novecentos" e as 88 teclas de seu piano mágico.
Apenas uma correlação da minha parte.
 
Bem ... acho que de certa forma apresentei-me.
Apresentem-se e falem-me dos filmes de suas vidas.
 
 
 
 
 
 
 
Fátima Irene Pinto
Enviado por Fátima Irene Pinto em 11/01/2009
Reeditado em 11/06/2009
Código do texto: T1379963
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