Trinta e poucos anos...
A minha amada irmã
Zero… um, dez, vinte, trinta e poucos anos, sim, aos embalos de Fabio Junior ouvi esta versão na voz de minha amada irmã, e vi ali naquelas mãos tocando meu violão, sua voz afinada sem força para cantar pelo acanho do sutil desafino, ela com seus trinta e poucos com poucos a mais que eu, bela e formada no mesmo pilão que me formei como homem, claro, tem lá seus méritos, mais honesta, ética, humana, e outros adjetivos que na verdade passam bem longe de mim. Mas de fato, lembrei de meus dezoito, vinte e poucos e no homem que me tornei agora. Como foram as fases, fui uma criança aterrorizante, cresci e aos poucos doze era punk, cresci na turma do rock in roll, passei pelo dance pop e ainda tive tempo de curtir a boa musica popular brasileira, me tornei um cara cool, diferente, cheio de historias, comi chão e conheci gente, aprontei, corri pelado, fiz e desfiz, e agora, homem, pai, profissional, aqui, bem nos meus trinta e poucos anos, aprendi que o tempo corre mais rápido que nosso querer, que o pensamento, que a ampulheta do universo corre rápido demais. Ontem lembro dessa moça tocando violão ai na minha frente, cuidando de mim, me ensinando a cantar Rita Lee, curtindo Mutantes comigo, e apreciando ser minha querida irmã. Sim, corre o tempo, e nos trás aqui, nos vinte, nos trinta, espero que ainda nos quarenta e assim vai aos poucos muitos que ainda virão a frente com a benção de Deus e nosso esforço próprio. Aqui nesta parada da vida, que estacionei momentaneamente para refletir, e vejo ainda tudo embaçado, sem saber muito para que serve este monte de coisas que aprendi, tanta gente, conhecimento, informações, de cometas a Tancredo Neves, de Caverna do Dragão e Ultraman, a Collor, crises e guerras, bebidas e namoradas, quantas… bem, fui um adolescente bem como diriam meus avós, da pá virada. Mas estou aqui, barba mau feita, cigarro nas mãos, filhos e tudo mais que vem junto, e penso, o Fabio estava certo, eu quero saber muito mais que meus vinte e poucos anos, alias, bem mais que meus trinta e poucos anos, cheguei a conclusão que a sede que tinha aos vinte era um copo de água perto do oceano que se abre aos meus trinta, e que imagino com vigor e hoje tenho propriedade para viajar tudo o que diziam ser viagem, afinal, sou um maluco que deu certo, minha mente, alucinada, quebrou o sistema e provou que loucos também dão certo e até fazem algo que no contexto social, preste. Estou aqui, e sim, vendo essa moça linda tocar violão pra mim, quero quebrar o eixo de tudo novamente e reconstruir uma nova vida dentro desta vida que já é produto de outras quebradeiras. Sempre resumo meus textos, mas seguindo a musica do grande Fabio, eu sei agora o porque de não saber direito o que fazer, é justamente o saber e ter consciência que podemos ir bem mais alem, longe, em distancias, que afinal, estes sapatos foram feitos para isso, e uma hora destas, eles cumpriram seu destino, e claro, participar efetivamente de meus próprios sonhos, sem pagar um preço estipulado pelo mundo, afinal, na maioria das vezes, nossos sonhos custam tão barato que nos recusávamos a aceitar e continuávamos buscando coisas mais caras, mas, para isso servem então os trinta e poucos anos, e espero com ansiedade quem vou ser aos quarenta, cinqüenta e onde o universo permitir que chegue, com sonhos, com cor, com muito amor e paixão, e espero sinceramente que não descubra o porque de existir ou o pra que de tanta coisa, gente e informação, quero envelhecer buscando e mudando, mutando e indo além, se possível, ainda com essa moça ai linda cantando para mim. A musica me acompanhou fases, as fases fizeram novas musicas em mim, e carrego cada fase, musica, amor e vida dentro do tom que canto ao mundo agora, desafinado ou não, viva a musica da vida, e quem puder, que cante comigo.