O amor e o tempo
O amor e o tempo. O amor disse certa vez, sou absoluto, claro e perfeito e tudo posso. Mas o tempo que por ali estava, na verdade, sempre esteve, o respondeu, tudo podes, mas eu, tenho a lógica das coisas, ordeno e desordeno, encontro e desencontro, podes até ser perfeito, mas de nada vale sua plenitude desacordada por minhas circunstâncias, e amor se calou. Não, não acredito que o tempo tenha a força de calar o amor, desacordando e fazendo sentimentos tão nobres de marionetes por convenções ou caprichos sociais de quando e onde se deve algo. Não, não posso aceitar desta forma, vivi fora de meu tempo, sorri quando todos choraram, chorei quando todos sorriam, cresci onde era para estagnar a alma, e me prendi a valores aos quais muitos não mais se apegam ou se quer lembram, fiz o avesso do contrario de tudo que não deveria ter feito antes, e agora já esta feito, por minhas mãos. Me apaixonei muitas vezes, ameis tão poucas mesmo quando não deveria amar, e veja bem, quem sou eu para ditar este sentimento, apenas, um descumpridor das convenções e do tempo, que tempo, o dos homens, o da vida, o das coisas, o tempo dos desencontros, dos atrasos … sim, sou este homem, o homem que amou e desrespeitou o tempo, seu tempo, o tempo correto, o tempo certo de se fazer algo. Não, não me calei, ao contrario, gritei aos bons e maus ventos, o amor que aqui era valente não se calaria ao senhor das circunstâncias. Acredito que nos aprisionamos dentro das poucas vinte e quatro horas oferecidas pelos ponteiros que nada mais nos apontam alem da hora de acordar, dormir, trabalhar, fazer e não fazer, ir ou não ir, afinal, é tarde demais… tarde demais, quando é, quando o sol se põe ou quando a alma se acovarda atrás de tudo o que já foi dito antes por quem não estava em sua pele. Nada é igual, não pode ser, minha intensidade é única e tem seu brilho impar e sem igual. A do mundo conspira a favor do sucesso do bem ou mau, seja qual for buscado em primeiro lugar. Acredito, creio e penso, o amor pode calar o tempo, que nada significa alem de um punhado de diretrizes e convenções puritanas de quem um dia quis fazer que tudo fosse de certa forma, correto. Nada é absolutamente o que observamos, mas o que sentimos, é puro como a alma, e mesmo sem ver, sem estar dentro de seu tempo ou ordem, podemos nos entregar, a de se ver as conseqüências de toda ação, mas isso já é fato, basta tomar a dose dupla de coragem e vencer com brado vindo da alma qualquer tempo e contra tempo. A voz do amor pode ser silenciosa, por vezes muda, mas seus atos, calam o universo.