A VIDA E O TEMPO EM RETROSPECTIVA

Findou mais um tempo em nossas vidas, um tempo que por certo não mais voltará. Só às lembranças de tudo o que fizemos permanecerão. Pode até não ter sido grandes feitos; mas o suficiente para sentir-se vivo. Assim como: molhar o jardim, remover as folhas secas de uma planta, cuidar do nosso animal de estimação, olhar a chuva cair, olhar um belo por do sol, curtir as aves a passarem acima das nossas cabeças, surpreender-se com as travessuras das crianças, sorrir quando simplesmente esquecermos de passar o recado recebido; sim, por que não, sorrir de nós mesmos, das nossas rabugice e implicações com a vida.

Essa que um dia passará, mesmo que esqueçamos desse tempo, dessa hora e lugar, onde acontecerá o apagão final.

Viver a vida é uma experiência impar, saber vivê-la é preciso, para saborearmos cada momento, como se esse fosse o último intervalo da nossa existência.

Sempre que deixarmos para trás um momento vivido, deveríamos parar para realizar uma retrospectiva dessa passagem. Medir os prós e os contras, que nos fizeram crescer ou regredir na construção da nossa estrutura psíquica.

Às vezes penetramos em searas, que não nos dizem respeito, que não nos pertencem e mesmo assim adentramos em particularidades de outrem. É que o mais importante será saber sair e como deve ser essa saída, para não perturbar o espaço que não é nosso e reconhece-lo como tal.

Quão bom seria, se pudéssemos conviver com o prazer de acordar todas as manhãs e contemplar o horizonte, o nascer do sol, as gotículas sobrepostas às folhas e que as chamamos de orvalho, assistir a sua evaporação e sem perceber, falar ela sumiu! Que gostoso é cumprimentar a transeunte, a beira do caminho, sentir que o mundo tem vida, que tudo tem vida e que todas estas fazem parte da nossa.

Que emocionante ver a árvore que nos dá a sombra e nessa nos aconchegarmos ao colo do ser amado, olhando os desenhos formados pelas nuvens lá no infinito, enquanto por amor flutuamos em outras nuvens.

E assim seria a vida que muitos sonham, mas que nada fazem para obtê-la, o homem joga o jogo da sua própria derrota, nada fazendo ou quase nada, para mudar a caminhada no vale de sua existência.

Vivamos com mais vontade de viver, amando, sendo amado, querendo o bem, sem saber a quem. Viver com a simplicidade de quem quer e sabe viver bem. Que venham os novos tempos, os novos desafios. Sabendo como viver no tempo, este passará pela vida e nunca a vida pelo curto tempo.

Rio, 31 de dezembro de 2008

Feitosa dos Santos