CHEGA!
O Antônio, algumas vezes, levava seu ajudante da Auto União, o Chico, para almoçar conosco. Porque fazia serviço braçal, ele chegava com muita fome e já vinha direto para a cozinha. Apressávamos em colocar as travessas na mesa, para que nosso convidado se servisse da comida, bem quentinha. Saulo, meu caçula, logo se acomodava ao lado de Chico, e a tudo observava. Com seus três aninhos já estava sendo treinado em fazer seu próprio prato, mas com nossa vigilância, porque não tinha o menor controle, quanto à quantidade a ser servida. Tinha o “olho maior que a barriga”, como dizia minha mãe. Uma colher de qualquer alimento que ele colocava já dizíamos “chega”. E ele quis passar para a visita o treinamento recebido.
Quando o Chico pegou a colher e ia se servir do arroz, Saulo, na maior ênfase, gritou:
- CHEGA!
Tivemos que dar as explicações, porque Chico ficou ali, segurando a colher vazia, todo sem graça!