A Mesa Voadora

Lendo o livro do Pe. Gabriel, Sinfonia de Vozes, foram-me apresentados os seguintes ventos gregos: Zéfiro (vento Oeste), é o marido de Clóris, a deusa das flores e da primavera; Bóreas (vento Norte), vento indelicado, de caráter devastador e capaz de grandes destruições; Euros (vento Leste), vento que traz chuvas e bom tempo; Notus (vento Sul), traz névoa e chuva; Éolo, Deus, pai de todos os ventos. Zeus deu-lhe o poder de acalmar e despertar os ventos.

No mundo grego, os ventos eram concebidos como divindades. No mundo judaico poderiam ser mensageiros de Deus.

Ouvir a voz do vento talvez seja, ainda hoje, uma condição de libertação pessoal e de encontro com a transcendência.

Estudando o gênio de cada vento, cheguei a conclusão de que, outro dia, passou por aqui o vento Bóreas. Era noite e fechamos bem todas as janelas, porque ele passava e se encontrasse qualquer uma frestazinha por ali entrava,fazendo um barulho semelhante às trilhas sonoras dos filmes de terror.

No outro dia, vimos o seu rastro: folhagens tombadas, outras quebradas, cadeiras esparramadas na área da piscina. Das duas mesas de plástico, que sempre ficavam no terraço, só restava uma. Será que os meninos emprestaram a mesa para algum colega? Não, ninguém havia emprestado. Será que entrou algum desconhecido pela casa das máquinas e levou minha mesa?

Depois de muito perguntar e matutar, resolvi olhar pela grade e, grande susto levei. Lá estava ela, toda quebrada, no quintal de um vizinho.

Como é malvado esse tal de Bóreas. Deu poderes à minha humilde mesa para que ela voasse, saltando as altas grades, passando por cima de um estacionamento de carros e se espatifando a uns 40 metros de nossa casa!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 06/04/2006
Código do texto: T135000
Classificação de conteúdo: seguro