Aulas da Vida
Sou professora há 28 anos.
Tenho presenciado diferentes cenas e situações nessa lida que vai longa e quase finda.
Já vi menino faceiro com a boa nota,já vi menino chateado com a reprovação.
Moços e moças ,adultos e adolescentes ,todos têm-me proporcionado a emoção da utilidade,a alegria do serviço nessa troca de figurinhas que é -ou deveria ser- a lida pedagógica.
Confesso,porém, agora na proximidade do término das minhas atividades profissionais,que houve tempos mais felizes dentro das salas de aula deste país.
Já houve um tempo de delicadezas.
Havia sorrisos,em vez de deboches.Havia o interesse acima da necessidade.E havia a convivência pacífica no mesmo lugar ,onde hoje convivemos com a violência verbal e, muitas vezes, até física!
O quadro que aí está e do qual me despedirei em breve, não é o mesmo que eu conheci na chegada.
Eu fui feliz dentro de muitas salas de aula num tempo de menos miséria moral.
E quando eu vejo,como ontem vi, uma estagiária na sala ao lado, estourando as próprias cordas vocais e os nossos tímpanos pra ouvir,pra ouvir-se,pra ser ouvida por meninos e meninas,cuja única finalidade é a hora da merenda,eu compadeço.
Hoje,eles gritam alto em brincadeiras mórbidas a sua fome de comida.
Em ido tempo,os anseios eram de outra ordem.
Havia sede.
De conhecimento.