Pimenta Nos Olhos dos Outros ...

Em Divinópolis, nas décadas de 50/60, quem quisesse se distrair um pouco, aos domingos, só havia uma opção: Cinema! Parecia que toda a moçada da cidade, a partir das 13 horas, baixava num quarteirão da Avenida Primeiro de Junho, onde estava o Cine Popular. Ficava por ali conversando, namorando até chegar a hora da matinê.

Em nossa casa, a programação era totalmente diferente. Depois de todos os afazeres prontos, poderíamos ler, fazer os trabalhos escolares ou, de vez em quando, ir à casa de nossa avó que morava na Fazenda do Pontal. Meu pai, apesar do baixo poder aquisitivo, conseguira comprar uma pequena camionete. Para nós foi uma festa ter uma condução desse naipe, pois sempre andávamos a pé.

Quando saía a família toda os “passageiros” eram assim distribuídos: minha mãe e os filhos menores iam na “boléia”. As filhas - que eram mais velhas - iam na carroceria. Para ir à casa de nossa avó, o único caminho era justamente aquele onde a turma ficava aguardando a hora do cineminha.

Certo domingo, lá íamos nós felizes da vida, dar nosso passeio. Felizes sim, mas só com um constrangimento: passar de camionete, na carroceria, perto daquela moçada, já que éramos adolescentes e, um pouco de vaidade, em nós já se despontava. A camionete devia fazer uns 20 km por hora(!), mas nossa expectativa era que “aquele pedaço” passaria num piscar de olhos! Mas a verdade é que parecia um século e, para nossa maior angústia, naquele dia, ela resolveu “afogar” ali mesmo – bem em frente ao “jovem aglomerado”. E adivinha quem teve que descer da carroceria e empurrar a dita cuja para que ela “pegasse” e continuássemos a viagem? Eu e a Luzia – minha irmã mais velha! Queríamos é que abrisse um buraco ali no chão onde pudéssemos nos esconder.

Esta história é sempre relembrada nas reuniões de família e como “pimenta nos olhos dos outros é refresco” a turma ri de rolar!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 05/04/2006
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