NOVO ANO, VIDA NOVA

Novo ano, vida nova, é o que se costuma dizer. Acho importante a evolução das pessoas, a superação, as transformações e a conquista de novos espaços na vida. Não tenho dúvida de que 2009 será um ano especial. Para todo mundo, de um jeito ou de outro. A questão do calendário, afinal, é mais do que um símbolo, é um fato da vida. De minha parte, não posso furtar-me a um depoimento interessante, talvez nem tanto para os muito jovens. Quando meu pai era um sexagenário, eu tinha a convicção de que o mundo dele se completara, no sentido de estabilidade de vida, sem muito espaço para mudanças. Na época, estava certo e eventuais modificações ocorreram apenas em detalhes. Não sei se posso generalizar, mas os tempos são outros. Vejam: depois de 20 anos morando no mesmo endereço e só, vou mudar-me para outro local, com nova estrutura familiar. Até aí, nada de sensacional, pois são dinâmicas as condições de vida afetiva da modernidade, inclusive para aqueles que têm direito a guichê especial em fila de banco. “Serás uma nova pessoa” dirão alguns. A tendência seria eu responder que pouco irá mudar, mas há um fato novo a impedir este tipo de ponderação. Sexta-feira, por decisão judicial, mudei de nome para mudar de cidadania, quer dizer, para obter cidadania dupla, como já escrevi em “Identidade em crise”. Se estava em crise antes, imaginem agora que o juiz decidiu e que já peticionei desistindo de recurso para apressar o trânsito em julgado. Para também ser cidadão português, agora é questão de muita burocracia e alguns meses. Mesmo que o Governo português me recuse, meu nome estará inapelavelmente alterado. Sim, serei outra pessoa, com nova cidadania e tudo. Talvez esteja em breve votando em eleições de Portugal, mas espero que não me convoquem para serviço militar. Já imaginaram a quantidade de registros e papéis que terei de modificar até o fim dos tempos? Novo ano, vida nova.

Bem, foi presente de natal para os filhos, mas creio que não lembrarão muito bem deste detalhe. Afinal, por enquanto, português serei apenas eu.

José Pedro Mattos Conceição
Enviado por José Pedro Mattos Conceição em 08/12/2008
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