Somos todos missionários
Vou começar por um testemunho porque sei que os leitores gostam: Estudei três anos no Seminário Nossa Senhora Consolata, dois no São Francisco Xavier e três no Santa Teresinha. Eu tinha apenas onze anos de idade quando decidi ser sacerdote, e nessa idade não sabemos o que decidimos. Mas ficou marcado em minha história eu ter alguma vez pensado em ser missionário e ter estudado em três seminários missionários.
Você sabe quem são os padres da Consolata? O Instituto Missões Consolata foi fundado em 1901 pelo Padre José Alamano, em Turim, na Itália. Hoje tem missionários no Canadá, E.U.A., Venezuela, Equador, Colômbia, Bolívia, Argentina, Brasil, Inglaterra, Suíça, Espanha, Portugal, Itália, Costa do Marfim, Guiné Bissau, Libéria, Uganda, Congo, África do Sul, Moçambique, Tanzânia, Quênia, Somália, Etiópia, Mongólia e Coréia.
Todos ouviram falar de São Francisco Xavier. É co-fundador da Companhia de Jesus, com Santo Inácio de Loyola. Em 1541 foi para Goa, na Índia, depois para o Japão e, enfim, para a China. Lembre-se de que as viagens naquela época, em caravelas frágeis como cascas de noz, eram bem mais difíceis do que hoje. Mas São Francisco Xavier conseguiu percorrer meio mundo em pouco mais de dez anos. É conhecido como o Apóstolo do Oriente e padroeiro das missões. Converteu mais pessoas ao Cristianismo do que qualquer outro missionário, desde São Paulo.
Santa Teresinha é um modelo para nós da Paróquia Santa Teresinha, que não podemos viajar para o outro lado do mundo para ensinar o evangelho de Jesus Cristo. Santa Teresinha dedicou-se tão ardorosamente à causa das missões, em suas orações, na doação de sua vida a Cristo, que, sem sair do seu convento em Lisieux, na França, se tornou padroeira das missões, como São Francisco Xavier. Ela nos ensinou a “pequena via” – o grande caminho feito de pequenas ações, das suas orações simples, da doação da sua vida humilde, para chegar a Cristo e para levar os outros a Cristo. Sigamos o seu exemplo.
Porque estamos no ano Paulino, reverenciando o maior apóstolo da Cristandade, que foi quem deu a forma ao Cristianismo como o conhecemos, quero lembrar uma curiosidade que liga ainda mais a minha biografia à de São Paulo. Quem introduziu São Paulo no Cristianismo, como catecúmeno, ensinando-o tão vivamente que ele confessa depois ter sido ensinado pelo próprio Cristo, como os outros apóstolos, foi Barnabé. Um nome bem pouco comum, não? Você conheceu alguém chamado Barnabé? Pois eu recebi as santas águas do Batismo das mãos do Padre Barnabé Girón.
Gosto de brincar dizendo que tenho uma predileção especial por Santo Agostinho porque fui batizado por um religioso agostiniano, o Padre Barnabé. Não herdei dele nenhuma vocação especial para as missões ou para a santidade? Herdei, sim. Todos os cristãos recebem pelo Batismo os dons do Espírito Santo e se tornam santos – porque pertencentes à Igreja, que é santa, embora também pecadores, porque homens – e missionários. Todos os cristãos, pelo Batismo, nos tornamos discípulos de Cristo e missionários. É maravilhoso, embora dificílimo, mas podemos dedicar-nos totalmente à causa das missões – seguindo as pegadas de Santa Teresinha em sua pequena via. É nossa responsabilidade. Somos todos missionários.
(Crônica escrita para o jornal O Peregrino, da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, de Bauru, edição de novembro de 2008.)