MARKETEIRA
 
Fátima Irene Pinto
 
Sempre que termino um texto, sinto uma alegria assim quase infantil.
Depois é a hora de colocar uma imagem, escolher uma canção e editar no site.
A música para mim é fundamental, dá o clima, magnetiza, e fico zangada quando as pessoas deixam as caixinhas de som desligadas, mas compreendo que para muitas pessoas a leitura pode perfeitamente prescindir de música e imagem.
Quem não abre mão da música sou eu, que a uso inclusive para escrever.
 
Texto escrito, página pronta?
Então lá vem o meu horário nobre: mandar a página nova para os grupos.
Nestas horas meus dedinhos até tremem de emoção, confesso.
Pôxa... são mais de 8 anos fazendo isto e continuo experimentando as mesmas emoções de sempre.
 
Eu poderia simplesmente editar a página no site e não falar nada. Deixar lá para quem quisesse ver. Conheço muitas pessoas que fazem assim. Elas editam e ficam quietinhas.
Talvez sejam mais discretas. Talvez lhes seja suficiente o que elas mesmas sentem depois da página pronta. Talvez não gostem de receber muitos e-mails.
Talvez enviem a página para uma meia dúzia de contatos mais íntimos.
 
Mas eu sou neta de italianos e sou barulhenta. Não bastara isto, sempre observei que a galinha quando bota ovo faz um escarcéu danado, e acho que ela é uma marketeira extraordinária.
Bem ... imito-a. Sou barulhenta e marketeira (e os discretos que me perdoem e não se atordoem).
Gosto sim, que venham ver meus "ovos/textos" fresquinhos e curto isto de forma apaixonada.
Adoro os e-mails que recebo depois, adoro os recadinhos deixados abaixo do texto. Adoro os PPS's lindos que recebo de presente, as formatações esmeradas de quem entende do ofício e fazem os nossos "ovos fresquinhos" parecerem ovos de páscoa recheados com licor e cereja.
 
Não. Não é vaidade.
Na mocidade quando eu tinha conjunto musical, o carinho e o calor da galera arrancavam coisas incríveis do nosso "Flor de Lis" e, mesmo tendo pouca voz, fiquei conhecida por imitar algumas cantoras como Gigliola Cinquetti. Até hoje os saudosistas da época quando me vêem, me pedem para cantar Dio come ti amo ou Non ho l'eta. Também imitava a Vanusa, a Alcione, a Beth Carvalho. Mas era o calor da torcida que provocava estes momentos mágicos.
 
A verdade é que o artista sem seu público é como um arco-íris abortado.
 
Não importa que seja um artista famoso ou um artista desconhecido... mas quando está exercendo a sua arte com alma, é como se estivesse em oração. E de fato está.
E quando as vibrações que emanam dele se fundem com as vibrações do público, não dá para explicar o que acontece. É algo que as palavras não traduzem.
 
Às vezes gosto de sonhar acordada e me imagino com a voz da Barbra Streisant cantando acompanhada pela orquestra de André Rieu, afinal, sonhar não paga imposto e se não for aqui, quem sabe no além?
Já estou fazendo uma prévia tela mental e praza aos céus que os anjos digam amém:-)
 
Mas por hora, diante das muitas limitações impostas pela vida, onde já não é mais possível cantar ou atuar num conjunto musical, continuo exercendo a minha modesta arte através da escrita, sem esquecer que a ribalta é imprevisível, que os aplausos acontecem e a ausência deles também.
A ribalta tem as suas próprias leis e, a principal delas, é conhecer o momento exato de sair de cena....mas enquanto ainda houver um tanto de fôlego, inspiração e público, eu quero mais é rabiscar e, muito feliz da vida, meus recadinhos para vocês encaminhar.
 
 
 
 
 
Fátima Irene Pinto
Enviado por Fátima Irene Pinto em 09/11/2008
Reeditado em 19/06/2009
Código do texto: T1274924
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