Dentro da gente

Onde esta o demônio? Normalmente a pergunta é, onde esta Deus. Acho que apenas cada um, dentro de si, pode responder tal pergunta, o quanto somos bons ou maus dando o real pela verdade absoluta. Deus é um estado de espírito raro nos dias de hoje, ao contrario do que se pensa, em minha opinião, vivemos no estado de espírito oposto a maior parte do tempo. Criticando, confabulando, dizendo todas as verdades não verdadeiras criadas por nós, a nós mesmos e ao mundo, acreditando que nada acontece, vendo as coisas e o tempo passar e inertes ao mundo, ao próximo, a vida e ao amor, somos piores que tudo, se a religião é o ópio do homem, o homem é o caos do universo, em seu centro egocêntrico se forma todo o buraco negro que engole qualquer possibilidade de bondade, caridade ou melhoria espiritual. Não, não somos perfeitos e na verdade, estamos anos luz disso, eu sei da peste, reconheço o meu transtorno, e o que faço para mudar, nada, sou homem, tenho a carne o rôo o osso, meu próprio osso, minha carne sem valor, negocio caro. Vendi minha alma no mercado negro, troquei por alguns punhados de moedas, não as tenho mais, e mesmo assim prossigo. Peregrinação em um mundo de dor e caos feitos por nós, seres humanos, sem partida ou chegada, apenas a vida que resta. Promessas feitas e desfeitas costuram nosso pudor, personalidades prontas na bandeja, montam nosso falho e cretino caráter. E pergunto então, onde foi mesmo que enfrentei o diabo? Diariamente, dentro de mim, pois nesta ínfima vibração de energia que sou, em um universo infinito se assim o for, sou sim parte de Deus, e claro, do demônio, somos capazes de sentir o quente do amor ao frio do ódio, sem repudio ou arrependimento, animais pensantes que fazem sem pensar pelo seu bem estar, tudo é possível, desde que nos favoreça. A pura verdade é, trabalhamos diariamente para tentar esconder este lado sombrio e egoísta para manter apenas convenções sociais. Senti a vida correr dentro de cada célula, muitas vezes achei que me era chegada a hora de parar, e segui, vi que minha força não era dependente de meus pensamentos, que meu corpo, carcaça ou não, se levantava dos restos mortais de toda sorte de pensamentos, e voltava a luta, e ainda, estou aqui. Entre flores e projeteis, entre beijos e explosões, tenho o furor de todos os sentimentos mesclados em minha existência, com o diferencial de saber e entender, só não compreendi sua finalidade. Trago as cartas do baralho em minhas mangas, todas, tenho o curinga para o blefe, e vejo que se segue o jogo, espero a hora certa de derrubar a banca, no fim, se ganhar ou perder, se amor ou ódio, se Deus ou demônio, não vou repudiar nenhum destino que fiz, tudo o que posso dizer é que intensamente, fiz de minha existência, minha vida, de minha forma, de meu jeito. E então, a resposta a pergunta inicial, como todo o resto, encontra-se dentro de nós mesmos.