Meu tempo (sem volta)

Sou do tempo em que minha cidade era literalmente uma vila, onde os supermercados eram simples armazéns, onde os açougues eram açougues mesmo e não seção de supermercado, onde havia somente duas padarias e não uma em diversos quarteirões como agora e, entre outras coisas, um rio que serpenteava a cidade com seus pontos rasos e fundos onde as mulheres lavavam roupa e a meninada nadava. Saudade desse tempo!

Hoje o curso do rio foi corrigido e a natureza prejudicada. Ninguém mais nada no rio, quase ninguém pesca nele (senão o Jairo), na verdade nem rio há - só um ribeirão... estreito e raso, sem atrativo algum e com pouco peixe. Os bairros urbanos proliferaram: Totozinho Cardoso, Fartura, Jd Nídia, Jd São Vicente, Carmona, Zé Cândio, etc. As pessoas já não se conhecem mais, os acontecimentos antes reservados a cidades maiores agora já se vê por lá. Pois é, o tempo passou... e eu pouco me dei conta disso! Há mais, muito mais, mas não vem ao caso agora! Lembranças, apenas lembranças... que o texto de uma colega do Recanto ativou!

O Jardim nos finais de semana com as moças dando voltas de um lado e os rapazes de outro para cruzarem seus olhares e darem as suas cantadas de leve. O cinema da Igreja com seus filmes conservadores (quem é que ligava pra eles? - a maioria queria mesmo era namorar ali).

O Justino era uma parte do rio que mais parecia uma praia, com direito a areia e tudo o mais... Era o único local considerado unissex para a natação. Para lá iam (principalmente aos domingos) os rapazes e as meninas e as brincadeiras naturalmente rolavam, os rapazes mergulhavam e saiam ao lado das meninas... sem querer, é claro!

Há mais, muito mais, mas agora estou sem tempo... (esse é outro detalhe: naquele tempo havia tempo para tudo!)

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 17/10/2008
Reeditado em 11/05/2015
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