MANUAL DO AMOR E DO DINHEIRO FÁCIL
Sou um curioso da alma. Ia dizer “humana”, mas barata não tem alma e, muito menos, a pedra, acho, embora possa ser contestado por algum reencarnacionista radical. Na esteira desta curiosidade, pretendi trabalhar um pouco com os títulos das minhas crônicas. É que no site onde publico, há instruções interessantes. Em face de reclamações de alguns autores, a orientação oficial é de que se capriche no título: quanto mais chamativo, mais lida a crônica. A explicação é de que os textos são geralmente localizados através de sites de buscas, portanto, é preciso fornecer ao internauta que garimpa o bom caminho para a palavra-chave digitada. Faz sentido, mas ainda acho que “acessar” um texto e lê-lo são coisas diferentes. Mas a experiência é estimulante. Então, resolvi fabricar este título. Não posso acreditar que alguém, em sã consciência, esteja à cata de um manual do amor. Se existir, por favor, desista, você não tem vocação para a coisa. Se há um campo minado, em que de pouco valem conselhos, este é o território das emoções humanas. Aqui, melhor declamar Vinícius: “A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”. Tudo o mais são variações sobre o mesmo tema, com pitadas de mistério.
Agora, querer ganhar dinheiro fácil, é dose. Executivos financeiros americanos tentaram ganhar dinheiro fácil especulando com “subprimes”, recebíveis e outros derivativos do mercado de capitais e quase derreteram suas frágeis estruturas no planeta. Se quiser arriscar o jogo do dinheiro fácil - para remotamente ganhar e via de regra perder - coloca tudo na bolsa, brother, mas, por favor, jamais cita meu nome: isto é pura ficção literária, com os habituais toques lúdicos. Se alguém soubesse ganhar dinheiro fácil, não perderia tempo escrevendo um manual para a divulgação grátis.
Existem pessoas ingênuas, mas, convenhamos, não é aceitável cair no “conto do bilhete premiado”, ao qual tantos sucumbem frequentemente, assim como não dá pra acreditar que aquele(a) amigo(a) virtual seja o amor da sua vida só porque lhe escreveu cinco ou seis frases de efeito. Ou pode?
Talvez esteja ficando muito crítico. Em todo caso, lancei o título supra, que seria, a rigor, chamativo e escrevi esta croniquinha despretensiosa. Pois bem, o público leitor foi sábio e poucos acessaram o texto, que é, até hoje, um dos meus menos lidos e procurados. Talvez a literatura seja um pouco como o sexo adulto: o erotismo é que realmente excita, pois é sutil; a pornografia atrai bem menos, visto que é rude, agressiva, explícita. Você não deve dizer cruamente a uma mulher que ela é atraente, melhor é insinuar que o envolve, que é difícil ficar longe dela, que você nela pensa frequentemente, coisas assim. Não posso garantir que vai funcionar, mas com os títulos dos meus textos valeu bem mais a sugestão do que o nu frontal.