APARECIDA NOGUEIRA TESTEMUNHA A HISTÓRIA - V

Helena Alvim Ameno

O registro de fatos relacionados a pessoas contribui para o desenvolvimento da cidade, aumentando seu Patrimônio Cultural, testemunhando sua História.

As pessoas são a figura central da História, não importando sua condição de vida, exercendo seus direitos ou sofrendo a usurpação dos mesmos.

A História de uma comunidade é o conjunto de relatos das experiências de cada um de seus componentes. As pessoas, por sua natureza humana, distintas, em todos os níveis de existência, são partes do mesmo processo, são a própria História.

Assim, aos poucos, recolhendo fragmentos, a História se constitui, se recompõe, se forma. O processo é constante, não se interrompe, muda apenas a direção do foco de luz.

As memórias de Aparecida Nogueira, compondo a História de várias épocas, traduzem, também, a denúncia de opressão, discriminação e privações. Através delas, falam os grupos dos menores, que são sempre minoria, fracos e indefesos, como a criança, o idoso, a mulher, o artista de circo, a artista amadora, a dona de casa, entre tantos outros. Essas são as estrelas, raramente, solistas no coro de aleluia da História.

O processo de conquista de conhecimento e autoconhecimento se realiza, em Aparecida Nogueira, através dos atos de viver, de representar, de escrever. Para ela, não existiu escola como instituição. Aparecida é ausência de tabus e preconceitos.

A sua narrativa é vigorosa, precisa e direta. Revela a maturidade, o discernimento, o espírito crítico e o bom humor da autora. Não é necessário o malabarismo intelectual, através da imagem, para sentir o fato descrito. O reconhecimento do contexto verbal nas referências extra-verbais é rápido e agradável. E, apesar de o público se sentir na corrente sanguínea da autora, a emoção não é sufocante, pois a ligeireza de seu discurso sempre funciona como válvula de escape. Tudo passa rápido, como rápidos são os momentos pinçados na trajetória da vida.

APARECIDA NOGUEIRA IN CONCERT,

com Eduardo Moreira, Helena Alvim, Ênia Azevedo.

Montagem e direção de Osvaldo André

Realização da Academia Divinopolitana de Letras.

Dia 29 de julho, 20 h, Teatro Usina Gravatá.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 12/10/2008
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