Amor Latente
Amor latente, tristeza sorridente, alma que anda carente, vivo rodeado de toda esta gente. Pro inferno com todas as cortesias e desejos fúteis. Sou a cria do criador, e hoje percebo que em minha carne carrego toda dor. Marcado pelas luxurias do mundo e vaidade insana e sem sentido que nos leva sim a algum lugar, o nosso lugar algum. Cada ser tem o seu, a destruição do homem é o limite de seu amor, onde nada mais ama, nem a si nem a mais nada, o vazio do coração e da alma consome todas as cores e faz as cores de Almodóvar se tornarem um rascunho em preto e branco em uma velha escrivaninha empoeirada. Sobre o tom pálido de minha face sobrancelhas escuras e olhos profundos a fitar tudo o que sobra, o resto, o mundo, na verdade, o universo fica avulso em minha tamanha indiferença ao todo. O homem sem latência e brio, sóbrio pelo amargo sabor de tantos dissabores passados ainda sim tem o doce paladar da empreitada de sua vida. O perfume daquela mulher, o sabor temperado de algo em especifico, o sorriso verdadeiro, a sim, o amor. Em uma musica ouvi, que o amor deixa marcas que não da para apagar, certo disso tenho as minhas, sou um guerreiro marcado cheio de cicatrizes, cansado e acovardado em minha trincheira de argumentos inúteis que apenas servem para me convencer a não mais lutar. Percorrendo o caminho de minha maturidade fundida a minha insanidade compreendo que tantas dores em minha carne foram feitas a gosto, por mim, cada cicatriz, cada marca, que sim, não as apaguei, são meus troféus, sem fitas de chegada ou congratulações, chego aqui, marcado por percas e insatisfações, mas brilho então meus olhos e percebo, que se fiz um rascunho em preto e branco, não por temor ou covardia, quis sim, ter o belo sabor de colorir novamente minha vida com novas perspectivas, cores e sabores da alma, minha alma mais que nunca, estava viva e como diria ao inicio de tudo, meu amor, simplesmente, estava latente.