Penas de Mãe

O Rodrigo e o Lúcio, com diferença tão pequena de idade, cresceram - levados da breca - brigando, brincando, mas sempre juntos.

E eles tinham uma mania em comum. Viviam fazendo coleção de tudo e qualquer coisa: tampinha de refrigerante, maço de cigarro, e outras coisinhas sem importância.

Rodrigo e Lúcio já estavam com sete e seis anos, respectivamente, quando resolvi enfrentar a “Banca Examinadora” e habilitar-me como motorista, pois era muito difícil sair a pé com crianças e sacolas. Principalmente para ir à roça, onde eles catavam tudo para levar para casa: pedrinhas, pedaços de madeira e outras coisas para a famosa coleção.

Era domingo, véspera do dia que eu tinha que comparecer à Delegacia, para arrumar os últimos documentos, antes de fazer o exame de rua.

Fui, como de costume à roça, para que eles distraíssem um pouco. A mulher do caseiro tinha matado uma galinha e jogado as penas no terreiro. Elas estavam sequinhas e com o vento elas estavam se espalhando . Sem que eu percebesse, eles encontraram as penas e, como eram coloridas e bonitas, veio a mania da coleção.

Cataram o mais que puderam e colocaram dentro de minha bolsa. Fecharam a bolsa e viemos embora. No outro dia, peguei a bolsa e lá vou eu à Delegacia. Enquanto esperava minha vez, fiquei na fila, lendo um jornalzinho e, distraidamente, nem percebi que minha vez havia chegado. Dirijo-me à mesa da autoridade, onde me foram feitas algumas perguntas de praxe e me foi pedida a carteira de identidade.

Sem desconfiar de nada, abro a bolsa, bem em cima da mesa, para pegar o documento solicitado, quando um monte de penas coloridas e bonitas caem em cima da mesa daquele respeitável senhor! E era pena que voava para todo lado, pois havia um ventilador bem ao lado. Eu não sabia o que fazer, pois era muito tímida e nem soube explicar o que estava acontecendo, pois só mais tarde é que descobri a façanha das crianças!

Que pena!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 08/03/2006
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