Cortesia com o Chapéu Alheio
 
Fátima Irene Pinto
 

Outro dia recebi um e-mail de um leitor e ele me dizia mais ou menos o seguinte:
quantas vezes sentimos necessidade de mandar umas palavras inspiradas para consolar alguém que no momento esteja precisando. Outras vezes precisamos falar do nosso amor e não temos as palavras certas ... então copiamos de alguém que tenha inspiração, afinal é tão bom ser bom, e o mais importante é o bem que fazemos às pessoas a quem enviamos as boas palavras. Vocês, escritores, não deveriam se importar com isto.
 
Minha resposta para ele foi a seguinte.
 
Prezado Leitor Amigo:
 
Outro dia eu fui convidada para uma festa e cada um de nós deveria colaborar levando uma prato fino.
Eu não sabia fazer nenhum prato que estivesse à altura dos que seriam servidos, então, recorri à Dona Rosinha, cozinheira experiente, acostumada a elaborar receitas finas.
Todos elogiaram o pavê delicioso chamado Pavê do Padre e que eu havia denominado de "Pavê Ganha Concurso" da Dona Rosinha.
Evidentemente me perguntaram:
- Foi você que fez esta delícia?
- É claro que não. Infelizmente eu não recebi este delicado dom de juntar ingredientes e fazer receitas saborosas. Culinária é dom. É arte fina. Quem fez foi a Dona Rosinha e se vocês quiserem encomendar este ou outros pratos, eis aqui telefone e endereço.
 
Da mesma forma, prezado leitor, nós não nos importamos que as pessoas usem as nossas "receitas" em prosa e verso. Sentímo-nos sinceramente realizados quando sabemos que elas "alimentaram" alguém. Mas por favor, mencionem o nosso nome e endereço na rede ou citem os nossos livros para que demais pessoas possam se "alimentar" e conhecer o nosso trabalho.
 
Veja você, prezado leitor: no caso da receita encomendada, eu paguei por ela.
Não apenas paguei como divulguei e enalteci o trabalho e o talento da cozinheira.
No caso das nossas "receitas em prosa e verso", nós as ofertamos de graça, para que vocês consolem seus amigos, para que vocês declarem o seu amor, para que vocês prestem suas homenagens a seus entes queridos e, o mínimo que esperamos, é que nosso nome seja lembrado.
Tenho a absoluta certeza de que o caro leitor amigo entendeu a comparação.
 
E complementei com a reflexão abaixo:
 
Senhor, concedeste a todos os teus filhos dons únicos e singulares.
Que eles aflorem fulgurantes no âmago de cada Ser.
Que cada um possa descobrir os seus dons e talentos singulares ao invés de olhar com olhos de cobiça os  dons e talentos alheios.
E, tendo-os descoberto, que  possam plenificá-los e devolvê-los a Ti, multiplicados.
Na grande sinfonia da vida há um instrumento adequado para cada Criatura.
Permita, Senhor,  que eles sejam usados para entoar hinos de amor e louvor à Vida.
 
Descalvado - SP
27.09.2008
 
 
Fátima Irene Pinto
Enviado por Fátima Irene Pinto em 28/09/2008
Reeditado em 11/06/2009
Código do texto: T1200461
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