RESPEITO, LISURA E ÉTICA 

Certa vez me pediram que escrevesse algo sobre RESPEITO, LISURA E ÉTICA. Uma coisa leva à outra. Então, me senti como alguém que silencia para poder ir derramando no papel o transcorrer de toda uma vida. Não necessariamente a minha ou a sua, mas a vida que conta a estória da História.
Creio numa verdade como princípio, que começa na mais tenra idade, quando nossa escola e nossos pais, entendendo como tal, a pessoa ou instituição, responsável pela educação dos seres pequeninos. Aqueles que nos indicam como respeitar a si e ao próximo, ao que é seu e ao que é do outro, aos cuidados conosco mesmos, a lidar com o tempo sabendo que tem hora para tudo, a conhecer os limites entre o que é possível e o que não é, a aprender a esperar, a falar baixinho e dialogar sempre, mesmo que pense diferente, a dizer a verdade, a compreender o jeito alheio, saber ouvir e saber falar. Usufruir e gostar de viver em grupo sem perder aquilo que pode e deve ser individual.
Nesse exercício de ir crescendo à luz da orientação de outrem vamos sendo formados com aquilo que o contexto familiar e social fabrica em nós.  Como tudo, tem seus prós e contras. Preciso é saber extrair o melhor daquilo que fizeram da gente.
Posto que, todos são pessoas, ninguém, sendo pai ou filho, família ou amigo, colega de trabalho ou desconhecido, é de todo perfeito. Acerta, erra, tenta, ensaia, faz pra valer, investe, entristece muito quando desiste de alguém, reconstrói, vai em frente, modifica, melhora ou piora, depende de tantos fatores...
Tal raciocínio me leva a crer que essa, é hora da necessidade explícita, de conhecer o perdão, a renúncia, o desapego, a imparcialidade, a aceitação do que é destinado e a prontidão de ir criando para si mesmo, condição melhor e mais harmônica para viver livre . Tudo é uma questão de aperfeiçoamento.
Os religiosos chamariam de necessidade de religião, os filósofos, de filosofia, os espíritas, de doutrina, os mais severos, de disciplina, os noturnos, de boemia, os libertos, de transcendência, os generosos, de caridade, e os que conhecem o amor, de expansão de luz à humanidade inteira.
Ninguém nasce pronto e feito, tantas vezes na vida tem que ser refeito.
Mas, afinal, o que tudo isso tem a ver com respeito, lisura e ética?
Tudo! Absolutamente tudo. É no jardim da infância da vida que as famílias foram descobrindo seus valores, direitos e deveres, verdades coletivas predominando as verdades individuais, um aprendizado que quando dá certo, há que ser louvado.
É no jardim da infância da vida que os homens, ora representantes políticos, colocam o emprego de tudo aquilo que carregam na formação de seu caráter, na execução de suas atitudes, na utilização e aplicação do poder que lhes é, temporariamente concedido. Temos um panorama bem real diante dos olhos, todos os dias, e em todas as nações que compõe o mundo.
É no jardim da infância da vida que os homens foram criando separações em nome de Deus e leis religiosas batizadas por distintas seitas e denominações, que acabaram por impingir à espécie humana, o experimento do que é unilateral, radical, fora do senso coletivo, e crédulo, por uma impregnação mercantilista, que, pelo dinheiro, ele tem o direito, inclusive, de matar, seja lá porque razão for.
É no jardim da infância da vida que os homens poderiam ter essências de puros e bons meninos, de sentimentos nobres e coração livre, de auto-estima resolvida e amor a tudo que os cerca.
Assim, diante mesmo, em face do maior erro, saberia o homem compreender; isso se chama respeito, deve existir, ainda que diante de situações onde a razão, é sua.
É no jardim da infância da vida que o homem aprende a amar-se e fazer-se o bem, a ser tão verdade para si mesmo, que sua luz resplandece do corpo físico ao campo espiritual, e, sendo assim, está apto a amar outra pessoa e amar humanidade afora.
Será sempre uma pessoa predominante da verdade, com humildade e serenidade, força imensa de pacificação, amor incondicional, mesmo nas adversidades e falhas humanas, nossas ou alheias. Consciência que a prática do bem é indistinta e que muitas vezes é desafiada por nossas necessidades de defesa diante dos ataques. Isso é lisura!
E finalmente a ética, igualmente disponibilizada no jardim da infância da vida, ela é a flor que deveria ser semeada, germinada, florescida e oferecida uns aos outros, todos os dias. Nessa oferta, aqueles que se dessem flores, não a colheriam dos jardins, levariam seus ofertados ao local de muitas delas, e apontariam uma, olhariam ternamente para os olhos dessa pessoa e, diriam, apenas: é sua! Regue-a.
O tempo de vida da "Flor ética" dependeria da forma que fosse tratada. Quanto mais beleza florida no mundo, mas o homem daria demonstrações de caráter límpido. Ética são nossas atitudes conosco e com os outros, ainda que passíveis de falhas, pois, no jardim da infância da vida, quando uma flor enfeia, enfraquece e quase morre com o excesso de chuva, renasce na nova manhã de sol, melhor e mais bonita, luminosa e perfumada, escancarada para a vida, de cabeça erguida. Isso é ética!
No jardim da infância da vida, as flores sabem, exatamente, como cumprir o ciclo, o que não sabem, é se os homens, por não compreenderem, pela falta de tempo de sublimarem, pela pouca percepção diante do que é natural, furtariam da flor a própria vida, pois, se tornou um individualista alienado, e aí ficaria muito difícil continuar um texto que falasse de respeito, lisura e ética. Finalizo, então, aqui, convidando o leitor a refletir sobre uma pequena questão:
Respeito, lisura e ética são elementos da liberdade essencial e da democracia. Como tenho agido diante disso, e o que vejo, nos outros, diferente do meu comportamento? Qual seria a forma de mundo ideal e possível?
Tudo isso, no jardim da infância da vida...

Vera Fracaroli

Vera Fracaroli
Enviado por Vera Fracaroli em 21/09/2008
Reeditado em 02/12/2009
Código do texto: T1189342
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.