Vestidos Listrados

Quando noiva, eu mesma fiz o enxoval, era costume na época. Comprei, entre outras coisas, uma peça de cretone com listras verdes para fazer o virol e as fronhas. Já o imaginara lindo, aplicações de flores brancas feitas na máquina de costura Elgin Zig-Zag, que conseguira adquirir com meu primeiro ordenado. Só que o tempo ficava cada vez mais escasso, o dia do casamento aproximando... E cadê que eu conseguia fazer o virol? Solução: fazê-lo depois que passassem as bodas, com mais tempo.

Depois é que não tive tempo mesmo. O almoço, o jantar, arrumar cozinha, ajeitar a casa, lavar a roupa, passá-la... Serviço que considero desgastante e alienante, mas que precisava ser cumprido.

Aí veio a gravidez. Os meses voavam, minhas roupas não mais me serviam. O dinheiro escasso, época de vacas magérrimas! Mas para tudo há saída. Lembrei-me da peça de cretone de listras verdes. Deu para fazer dois vestidos, que usei durante toda a gravidez. Para diferenciá-los um pouco, pus as listras de um vestido na horizontal e as do outro na vertical. Mas eu só saía de casa para ir à Igreja e ao trabalho. A fim de não dar muita vista aos vestidos.

Na terceira gravidez, as finanças resolvidas, abusei das roupas. Comprei batas, vestidos, tudo do bom e do melhor. Enxotei o trauma. Agradeci a Deus as vacas gordas invadindo o meu pasto.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 05/03/2006
Reeditado em 21/01/2011
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