Dinho Camilo
Meu avô paterno – Camilo Vilela da Fonseca – foi o primeiro morador do Bairro Porto Velho. Morava numa modesta casa, perto do local onde hoje está o Campo do Guarani.
Homem honesto, trabalhador e exemplar pai de família.
Na época, não havia o viaduto e com sua canoa, a muitos ajudou. Era só gritar o seu nome e em pouco tempo, com a maior disponibilidade, a pessoa já estava na outra margem do Rio Itapecerica. E o local até já era conhecido como o Porto do Velho, origem de seu nome atual.
Meu pai, adolescente na época, às vezes, o ajudava nessa tarefa.
E não é que até o Frei Orlando se utilizou de seus préstimos?
Dinho Camilo, assim ele gostava de ser por nós chamado, tinha também o dom de contar histórias. Quando ele apontava lá na esquina do Beco, de imediato, o identificávamos: cabeça branquinha, com sua bengala e calçado de Alpargatas Roda. Alguém já gritava:
- O Dinho Camilo invém!
E grande era nossa empolgação!
Ele sentava-se numa cadeira e nós, crianças, ao seu redor, no chão, ouvíamos atentamente as Histórias do Brasil, que ele tão bem nos transmitia.
Hoje ele está no céu, rodeado de “netinhos” e a todos deve enternecer, com sua fala mansa e suas interessantes histórias.