Por que, hein?!
Fátima Irene Pinto
Fátima Irene Pinto
Acho que este tema tem sido abordado exaustivamente ao longo dos anos, e no entanto não temos conseguido obter resultados concretos, talvez porque a cada dia milhares de novos internautas passem a integrar a rede mundial de computadores.
Mas eu fico me questionando sempre: por que as pessoas acham que têm o direito de subtrair uma autoria, alterar um texto, complementá-lo ou distorcê-lo ao seu alvedrio, dar o texto de um escritor(a) emergente para um autor já consagrado, tirar os créditos do formatador???
Semana passada, no jornal local, uma família prestou homenagem a um parente falecido com a mensagem de Silvana Duboc - O Trem da Vida. Aliás este belo texto segue por toda a Net em PPS sem autoria nem dela, nem de quem formatou o belíssimo PPS.
Nenhum escritor(a) escapa deste "batismo" e como escritora, posso lhes dizer que dói, magoa, aborrece, desaponta.
Ano passado uma empresa de Guarulhos resolveu homenagear seus clientes e, para tanto, mandou fazer um lindo livro-brinde contendo centenas de mensagens extraídas da rede.
Pasmem: nenhuma autoria foi colocada. Recebi o livro por acaso de um amigo, e daí caiu a ficha. No caso desta empresa, ela não auferiu lucros: o livro não tinha ISBN nem estava catalogado na CBL. Mas fiquei pensando: assim como este livro foi apenas um brinde, quem pode garantir que muitos livros não estejam realmente sendo editados e comercializados a partir das pérolas encontradas na Internet? Não só livros, mas CD's - DVD's.
Podem inclusive estar sendo traduzidos para outros idiomas e fazendo a fama de picaretas estrangeiros.
Quando palestrei nas escolas, eu vi lindos e edificantes textos afixados nos murais.
Autoria? Imagine!
Ouvindo programas de rádio, lindas mensagens são lidas diariamente e ofertadas aos ouvintes.
Autoria? Imagine!
Colunistas de jornais regionais ou interioranos fazem a festa, editando as pérolas da Internet e assinando embaixo. Isto é uma lástima, sinceramente.
É tão fácil fazer uma breve pesquisa no Google. Basta digitar uma frase do texto e aparecerão vários resultados que permitirão ao leitor verificar a autoria correta.
Mas enquanto as pessoas não tiverem incorporado esta postura ética, seremos obrigados a ver uma sucessão de despautérios: brilhantes escritores(as) atuais sendo roubados e sabotados, tendo seus textos atribuídos a famosos atuais, ou consagrados já falecidos.
Registro não apenas a minha indignação mas deixo a pergunta:
Por que? Por que? Por que? E gostaria de ter respostas.
E, para concluir, deixo o meu texto/poema de protesto - página 58 do Livro "Ecos da Alma".
ARTISTAS DEIXAM MARCAS
Ao invés de palavras candentes e indignadas ou de desfiar um rosário de queixas e de lamentações, prefiro falar calmamente aos que me lêem, sem lograr com isto arregimentar multidões... apenas chegar aos corações em veemente exortação.
Artistas têm catarses, inspirações, lampejos que lhe são próprios, porquanto nascem de suas profundezas, de seus pensamentos e elucubrações. Nascem de suas vivências e experiências, brotam de seus sentimentos e de suas emoções.
Não importa se são lampejos singelos ou se são profundas e abrangentes visões.
Que ninguém tome para si o que a outro pertence, que ninguém se faça dono do alheio pensamento.
O poema leva as marcas indeléveis de quem poetou, o quadro leva as nuances específicas de quem o pintou, a idéia primeva carrega os sinais de quem a pensou.
- Fátima Irene Pinto -
Ao invés de palavras candentes e indignadas ou de desfiar um rosário de queixas e de lamentações, prefiro falar calmamente aos que me lêem, sem lograr com isto arregimentar multidões... apenas chegar aos corações em veemente exortação.
Artistas têm catarses, inspirações, lampejos que lhe são próprios, porquanto nascem de suas profundezas, de seus pensamentos e elucubrações. Nascem de suas vivências e experiências, brotam de seus sentimentos e de suas emoções.
Não importa se são lampejos singelos ou se são profundas e abrangentes visões.
Que ninguém tome para si o que a outro pertence, que ninguém se faça dono do alheio pensamento.
O poema leva as marcas indeléveis de quem poetou, o quadro leva as nuances específicas de quem o pintou, a idéia primeva carrega os sinais de quem a pensou.
O PPs ou a página formatada levam o estilo próprio de quem o formatou.
Muitas vezes o artista roubado - eternamente perdido em sua arte e em suas criações - ignora que andam tomando para si os filhos seus. Muitas vezes ele prefere ignorar porque cansa-lhe a Alma ter que gritar:
- São meus!
Porém nada deve ser mais triste e constrangedor do que a desolação experimentada pelo usurpador ao ter que confrontar uma obra da qual, falsamente, ele se intitulou Autor.
(Manifesto em defesa dos Direitos Autorais)
Porém nada deve ser mais triste e constrangedor do que a desolação experimentada pelo usurpador ao ter que confrontar uma obra da qual, falsamente, ele se intitulou Autor.
(Manifesto em defesa dos Direitos Autorais)