Cadê você, Olívia?
Ás vezes, me surpreendo fazendo regressão até onde a memória consegue chegar...
Os últimos lances ficam na Rua Rio Grande do Sul, onde “vejo” o porão de minha casa, o quintal todo plantado, as duas colméias com as doces abelhas européias, que nunca se importaram que por ali a gente brincasse, da minha boneca de celulose, da cantoneira onde ficava o filtro, do alpendre, do pé de amora que ficava na frente da casa, do papagaio que nos foi roubado, do desfile de carnaval que fomos ver na rua de baixo (Sete de Setembro) e mais outras lembrancinhas.
Quero ressaltar agora uma passagem que eu teimo em reforçá-la. Algumas vezes, aparecia uma vizinha – Olívia - lá em casa para brincar comigo. Nunca soube onde ela morava. Minha pouca idade não me forçava a ter esse luxo.
Ficávamos na porta da frente, onde a terra era mais fofa, ao lado da escada com alguns poucos degraus. Olívia, como era a mais velha, dirigia a brincadeira.
Não sei porquê mas brincávamos de “cemitério”! Eu nem sabia o que a palavra significava, nunca havia entrado num. Mas Olívia me ensinava como fazia: pequenos gravetos que achávamos no quintal, enrolávamos em pétalas de flores e numa folha de amoreira. Depois cavávamos o chão e ali ficava escondido aquele “anjinho”. Depois de vários “enterros”, enfeitávamos o chão com flores. E para nós era tudo muito lindo!
Doce inocência!