Cadê você, Olívia?

Ás vezes, me surpreendo fazendo regressão até onde a memória consegue chegar...

Os últimos lances ficam na Rua Rio Grande do Sul, onde “vejo” o porão de minha casa, o quintal todo plantado, as duas colméias com as doces abelhas européias, que nunca se importaram que por ali a gente brincasse, da minha boneca de celulose, da cantoneira onde ficava o filtro, do alpendre, do pé de amora que ficava na frente da casa, do papagaio que nos foi roubado, do desfile de carnaval que fomos ver na rua de baixo (Sete de Setembro) e mais outras lembrancinhas.

Quero ressaltar agora uma passagem que eu teimo em reforçá-la. Algumas vezes, aparecia uma vizinha – Olívia - lá em casa para brincar comigo. Nunca soube onde ela morava. Minha pouca idade não me forçava a ter esse luxo.

Ficávamos na porta da frente, onde a terra era mais fofa, ao lado da escada com alguns poucos degraus. Olívia, como era a mais velha, dirigia a brincadeira.

Não sei porquê mas brincávamos de “cemitério”! Eu nem sabia o que a palavra significava, nunca havia entrado num. Mas Olívia me ensinava como fazia: pequenos gravetos que achávamos no quintal, enrolávamos em pétalas de flores e numa folha de amoreira. Depois cavávamos o chão e ali ficava escondido aquele “anjinho”. Depois de vários “enterros”, enfeitávamos o chão com flores. E para nós era tudo muito lindo!

Doce inocência!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 01/03/2006
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