Lindos pés!

Sandra, uma elegante e jovem senhora, já foi menina e bem peralta! Recebeu uma rigorosa educação, tanto de berço quanto acadêmica, mas isso não influenciou em seu espírito alegre de encarar a vida. Para ela não tem tempo ruim. Os desafios que a vida lhe oferece, ela tira de letra e servem mesmo é para ela “crescer”.

Também não precisa crescer tanto, não é, Sandra? Cadê aquela menina que tinha loucura por esmalte? E, de preferência, aqueles com cores mais vivas. Estava sempre com um vidrinho à mão, dando uma de manicure ( e pedicure também)!

Um dia, seu pai, o Dr. José Geraldo, conceituado advogado e alto funcionário da Receita Estadual, chegou para almoçar e para sua costumeira sesta, pequena mas benfazeja. O ritual era sempre o mesmo. Barriguinha feliz, seguia o chamado da cadeira do papai, que já estava ali, à sua espera. Dª Zeli, sua esposa, deixava-o tranqüilo repousando e pedia sempre às crianças que não fizessem barulho. O papai precisava descansar, porque dali a pouco para o trabalho iria voltar.

Burlando a vigilância materna, Sandra chega na sala e vê o pai dormindo a sono solto. Aqueles pés, sem sapatos e meias, para ela foram uma tentação a qual não conseguiu resistir. Bem de mansinho, sentou-se no chão e foi, uma a uma, as unhas do pai colorindo com aquele esmalte vermelhinho, que há pouco havia comprado.

Depois do trabalho pronto, saiu, pé ante pé, e, com cuidado, o vidrinho guardou.

Corre na boca do povo que desgraça pouca é bobagem. Não é que a campainha toca, acordando o Dr. José Geraldo, que, assustado e mesmo descalço, foi atender à porta?

Era um seu cliente que queria saber a quantas andava seu processo. A morosidade da justiça deixa qualquer um doente de raiva, mas, naquele dia, o tal cliente saiu dali foi rindo à toa, quando, pela primeira vez, viu os pés de seu compenetrado advogado. Lindos pés!!

Mais lindo ainda foi o castigo que Sandrinha ganhou!