O Carnaval de Zezé

Zezé estava, com um misto de alegria e entusiasmo, esperando seu primeiro filho! Ao entrar no nono mês de gestação, sentiu, certo dia, ou melhor, certa noite, algumas contrações uterinas. Apavorou-se e chamou por seu marido, o Odilon, que a levasse imediatamente para o Hospital.

Era Carnaval e Odilon já havia tomado todas. Mas ouvindo falar do nascimento do filho, criou coragem e se aprontou para levar a inexperiente mãe à maternidade. Avisaram ao médico. Odilon pegou a maleta com o enxoval do bebê. Desceram de elevador e, em segundos, já estavam na portaria e, aí, já começaram os problemas. Uma escola de samba desfilava, apresentando uma coreografia, que parecia não ter fim, bem na frente do prédio.

O bebê não podia esperar e Odilon foi logo gritando:

- Abram alas que meu filho vai nascer!

Todos vendo a grande barriga da jovem mãe pararam o desfile, deixando livre a passagem. E o jeito foi Zezé, com coragem e tudo, entrar no carro com o Odilon.

“Se beber não dirija...” numa hora dessas quem iria se lembrar do imperioso conselho? E lá foi o carro “ziguezagueando” pelas ruas de Itaúna, mas chegaram sãos e salvos ao destino, onde Zezé teve acesso aos recursos médicos. Logo foi atendida e o médico a colocou de repouso, em observação, num quarto que tinha a janela para a rua. Quem logo “apagou” foi o Odilon.

O silêncio exigido em respeito aos hospitalizados estava sendo respeitado até que houve um grande barulho, provocado por uma batida de carros bem debaixo da janela, seguido de pedidos de socorro.

De seu repouso, Zezé, novamente apavorada, chega à janela e vendo que havia vários feridos, apela novamente para o escornado Odilon que vá prestar socorro. Mas Odilon já estava numa outra esfera, bem pra lá de Bagdá, e nada o abalou.

Zezé sai gritando pelos corredores do hospital. As enfermeiras acudiram-na achando que estava na hora do parto. Aos poucos, entenderam que eram outras as pessoas que precisavam de ajuda.

No outro dia, depois daquela noite mal dormida, voltam para casa Zezé e Odilon, com a maletinha, e o diagnóstico que havia dado o médico : era apenas um alarme falso!

E Thiago foi nascer em plena Quaresma.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 25/02/2006
Reeditado em 04/03/2006
Código do texto: T115976
Classificação de conteúdo: seguro